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NO AR
O coração de Lula
NELSON DE SÁ
EDITOR DE ILUSTRADA
Um dia depois do Natal, o
líder do PMDB no Senado chamou entrevista coletiva
para dizer que Lula decidiria as
mudanças no ministério até dia
6. Foi ontem -e nada.
O porta-voz André Singer foi à
TV e leu nota quase ríspida, dizendo que Lula "desautoriza especulações sobre prazos".
Segundo a CBN, lá de Alagoas
o líder peemedebista saiu falando que só volta a Brasília se Lula
chamar "oficialmente" e que vai
esperar com paciência.
Mas a nota não se dirigia a
ele, ao que parece. Pelo menos
não só a ele e aos outros peemedebistas à espera de cargo.
O porta-voz questionou as
"notícias desencontradas", o
"noticiário especulativo", e
atingiu quem não pára de falar
do assunto, na TV.
Franklin Martins, por exemplo, para quem a "minirreforma" não deve ir além da acomodação de um deputado e de
um senador do PMDB:
- O favorito entre os deputados é Eunício de Oliveira. Quanto ao senador, a disputa nos
bastidores é grande.
Alexandre Garcia, outro
exemplo, nem fala em minir-
reforma, mas em "ajuste", e usa
imagens curiosas como:
- O coração de Lula se enche
de dúvidas.
Para o governo Lula, interessa
pouco a atenção dada às mudanças no ministério e muito a
repercussão de sua "prioridade"
publicitária para 2004.
Por dois dias seguidos, dois
ministros falaram longamente
ao Bom Dia Brasil de empregos.
De Luiz Fernando Furlan, do
Desenvolvimento, ontem:
- A perspectiva para o ano é
crescer as exportações e, com isso, criar aproximadamente 1,5
milhão de empregos.
Mais à frente, o mote:
- A prioridade para 2004 é a
geração de empregos.
Não é preciso dizer que a entrevista ecoou pelas rádios e pela internet o dia todo. O mesmo
já havia ocorrido um dia antes,
com a entrevista de Jaques
Wagner, do Trabalho.
Da Globo, para Wagner:
- 2003, por causa do ajuste
fiscal e da reforma da Previdência, foi o ano de Antonio Palocci
e Ricardo Berzoini. Este será o
seu ano, com mudanças na lei
sindical e criação de empregos...
De Wagner, para a Globo:
- Acho ótimo ser o ano da inclusão social pelo emprego...
Ele não parou de prometer
desde então, a ponto de ser levado à primeira manchete do Jornal da Record, ontem:
- O ministro do Trabalho
promete reduzir a taxa de desemprego para menos de 10%
este ano.
O ano novo começa, como o
velho, prometendo.
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