São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2004

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NO AR

O coração de Lula

NELSON DE SÁ
EDITOR DE ILUSTRADA

Um dia depois do Natal, o líder do PMDB no Senado chamou entrevista coletiva para dizer que Lula decidiria as mudanças no ministério até dia 6. Foi ontem -e nada.
O porta-voz André Singer foi à TV e leu nota quase ríspida, dizendo que Lula "desautoriza especulações sobre prazos".
Segundo a CBN, lá de Alagoas o líder peemedebista saiu falando que só volta a Brasília se Lula chamar "oficialmente" e que vai esperar com paciência.
Mas a nota não se dirigia a ele, ao que parece. Pelo menos não só a ele e aos outros peemedebistas à espera de cargo.
O porta-voz questionou as "notícias desencontradas", o "noticiário especulativo", e atingiu quem não pára de falar do assunto, na TV.
Franklin Martins, por exemplo, para quem a "minirreforma" não deve ir além da acomodação de um deputado e de um senador do PMDB:
- O favorito entre os deputados é Eunício de Oliveira. Quanto ao senador, a disputa nos bastidores é grande.
Alexandre Garcia, outro exemplo, nem fala em minir- reforma, mas em "ajuste", e usa imagens curiosas como:
- O coração de Lula se enche de dúvidas.
 
Para o governo Lula, interessa pouco a atenção dada às mudanças no ministério e muito a repercussão de sua "prioridade" publicitária para 2004.
Por dois dias seguidos, dois ministros falaram longamente ao Bom Dia Brasil de empregos. De Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, ontem:
- A perspectiva para o ano é crescer as exportações e, com isso, criar aproximadamente 1,5 milhão de empregos.
Mais à frente, o mote:
- A prioridade para 2004 é a geração de empregos.
Não é preciso dizer que a entrevista ecoou pelas rádios e pela internet o dia todo. O mesmo já havia ocorrido um dia antes, com a entrevista de Jaques Wagner, do Trabalho.
Da Globo, para Wagner:
- 2003, por causa do ajuste fiscal e da reforma da Previdência, foi o ano de Antonio Palocci e Ricardo Berzoini. Este será o seu ano, com mudanças na lei sindical e criação de empregos...
De Wagner, para a Globo:
- Acho ótimo ser o ano da inclusão social pelo emprego...
Ele não parou de prometer desde então, a ponto de ser levado à primeira manchete do Jornal da Record, ontem:
- O ministro do Trabalho promete reduzir a taxa de desemprego para menos de 10% este ano.
O ano novo começa, como o velho, prometendo.


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