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Para especialista, governo gerencia mal recurso destinado à manutenção
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A precária manutenção das estradas brasileiras se deve, além da
falta de dinheiro, da incapacidade
do governo em gastar os recursos
disponíveis, afirma o presidente
do Sinicon (Sindicato da Indústria da Construção Pesada), Luiz
Fernando Santos Reis.
Em 2005, o Ministério dos
Transportes não usou R$ 800 milhões que foram liberados para
essa finalidade -o dobro dos R$
400 milhões anunciados em caráter emergencial em dezembro,
mostra estudo da entidade.
Apesar de considerar o valor insuficiente e o anúncio tardio, o
presidente do Sinicon diz que
qualquer recurso para recuperação de estradas é bem-vindo. Mas
alerta para o desperdício de dinheiro do contribuinte se a operação se limitar a tapar buracos e
não recuperar a malha rodoviária.
Para cobrir os mesmos 26 mil
quilômetros de estradas que o governo pretende abranger, seriam
necessários bem mais que os R$
400 milhões . Se for limitada à cobertura dos buracos com asfalto,
as obras vão durar apenas seis
meses, afirma Santos Reis.
O Sinicon e a Aneor (Associação Nacional de Empresas de
Obras Rodoviárias) enviaram, na
quarta-feira, carta ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva na qual
pedem a adoção de critérios para
a contratação das empresas, que
poderá ser feita sem licitação em
razão do caráter emergencial.
As entidades dizem que o fato
de o país estar em ano eleitoral
poderá dar margem a "suspeitas e
acusações de irregularidades" na
escolha das empreiteiras. Na carta, Sinicon e Aneor defendem a
contratação de empresas do Estado ou da região onde estão as estradas a serem recuperadas. Propõem ainda que a mesma empreiteira não seja escolhida para várias obras simultâneas e apresente
projetos que justifiquem a liberação de recursos.
Santos Reis defende que o governo dê continuidade às obras
rodoviárias que estão quase paralisadas por falta de recursos, muitos dos quais liberados e não aplicados por problemas de gestão.
O corredor Mercosul, por
exemplo, tinha dotação orçamentária inicial de R$ 729 milhões,
dos quais R$ 533 milhões foram
empenhados (o que equivale a autorizar o gasto), mas só R$ 156 milhões, ou 21,4%, foram usados.
O início das obras em época de
chuvas também é apontado como
problema por Santos Reis. Para
ele, a melhor opção é iniciar as
obras em regiões onde o clima esteja seco e esperar a melhora do
tempo no resto do país.
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