São Paulo, segunda-feira, 07 de janeiro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

"Ele não se agüenta"

Segundo um auxiliar de Lula, o presidente não partilha da idéia, difundida por alguns petistas, segundo a qual José Dirceu disparou a metralhadora giratória, na revista "Piauí", para enviar um recado ao Planalto e/ou a desafetos no PT. Para Lula, cujo filho foi um dos atingidos pela língua afiada do ex-"capitão do time", ele fez o que fez simplesmente porque "não se agüenta": precisa falar e se atribuir importância.
Outros acreditam que Dirceu se deixou acompanhar pela reportagem durante dias no exterior na tentativa de legitimar sua atividade de consultor perante um determinado público, mas que acabou se perdendo ao atirar "até contra o cadarço do próprio sapato", nas palavras de um integrante do governo.

Bateu, levou. Atingido por uma bala de Dirceu, que o chamou de "gaiato", o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), esteve ontem em Teresina (PI), onde ganhou um apito de presente do prefeito. Disse que irá usá-lo para substituir a ensurdecedora sirene do plenário. E completou, em tom provocativo: "Isso não é gaiatice".

Câmera... Com ou sem CPMF, Lula quer obras para inaugurar. E, como no segundo semestre a lei não permite, por causa da campanha eleitoral, ele já começou a pedir aos ministros um cronograma para ser cumprido até junho.

...ação! Na semana passada, o presidente cobrou de Márcio Fortes (Cidades) um calendário de viagens por vários Estados em fevereiro e março para marcar a "autorização do início de obras" de saneamento e urbanização do PAC. Já Fernando Haddad (Educação) foi orientado a concluir até abril obras em universidades e escolas federais.

Sumiu. A lipo nas emendas coletivas deve atingir a sexta penitenciária federal que o governo planejava construir. O Orçamento previa R$ 8 mi.

Contagem regressiva. A disposição manifestada por parte dos oposicionistas para obstruir o Orçamento levou pânico à comissão mista que cuida do tema. Como ela tem de ser renovada em março, deputados e senadores temem não ter tempo de votar a versão final da matéria.

Corte. Os presidentes do PT paulista, Edinho Silva, e do diretório da capital, José Américo, terão encontro ainda neste mês com Orestes Quércia. O sonho é uma aliança com o PMDB caso Marta Suplicy decida ser candidata.

Ilha. Forte na capital, o PSDB carece de candidatos competitivos na Grande São Paulo. Das principais cidades, por ora o partido só tem chances razoáveis em Osasco, com o ex-prefeito Celso Giglio.

Notáveis. O Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, terá um conselho para fazer sugestões à sigla no ano eleitoral. Entre os integrantes, que se reunirão a cada três meses, estão a ex-primeira-dama Ruth Cardoso e o ex-presidente do IBGE Sergio Besserman.

Equilibrista. Apoiado por PT e PSDB, o governador Paulo Hartung (PMDB-ES) ficará "neutro" em Vitória. Os tucanos pretendem lançar Paulo Carnelli, presidente da companhia estadual de saneamento, contra o prefeito, João Coser (PT), com quem Hartung tem boa relação.

No laço. Em busca da reeleição agora e de olho no pleito estadual de 2010, o prefeito de Nova Iguaçu (RJ), Lindberg Farias (PT), distribui convites a adversários históricos para ocuparem a vaga de vice. Até o presidente do DEM estadual, Rogério Lisboa, foi procurado, mas deve recusar.

Telemarketing. O diretor do Detran do DF, Délio Cardoso, é quem recita, todo simpático, o menu de opções na gravação do serviço de atendimento ao público. Indicado pelo PSDB, já disputou eleição para deputado distrital e deve tentar de novo em 2010.

Tiroteio

"Ele já deu contribuições importantes ao PT. Agora deveria ter ficado quietinho, calmo, em vez de ressuscitar um tema que já foi amplamente debatido e está enterrado."


Do vereador paulistano ARSELINO TATTO sobre seu correligionário José Dirceu, que defendeu o ex-tesoureiro Delúbio Soares e afirmou que a sede do PT gaúcho foi construída "só com dinheiro de caixa dois".

Contraponto

No mesmo barco

Candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PMDB em 1992, Aloysio Nunes Ferreira, hoje tucano e secretário da Casa Civil de José Serra, fazia campanha num bar em Sapopemba, na zona leste da cidade. De mesa em mesa distribuía seus santinhos, até que veio a pergunta: -Candidato do Fleury?-, indagou um cliente em referência ao então governador, de quem Aloysio era vice. -Isso mesmo! Candidato do Fleury-, repetiu Aloysio.
-Então o senhor está igual a nós-, constatou o eleitor.
-É mesmo?!-, rebateu o candidato, algo intrigado.
-É mesmo. Estamos estrepados. E o senhor também!
De fato, ele nem sequer chegou ao segundo turno.


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