São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Tática do ventilador

Por meio de seu líder no Senado, Romero Jucá, o Planalto colocou na mesa uma proposta de CPI que, além de atropelar os oposicionistas da Câmara e estender a investigação sobre cartões corporativos às chamadas "contas tipo B", modalidade de realização de despesas mais utilizada no período FHC, atinge não apenas o governo, mas "a União". É o que consta do requerimento com o qual Jucá circulava ontem em busca de assinaturas dos colegas.
Ao misturar no caldeirão Legislativo, Judiciário, fundações e autarquias, o Executivo espera um efeito semelhante ao obtido na CPI das ONGs, que se anunciava ameaçadora e rapidamente caiu no limbo.

Mal-me-quer... O líder da bancada tucana, Arthur Virgílio (AM), não estava ontem no Senado, mas referiu-se assim à proposta de CPI apresentada pelo governo: "Nós não vamos participar de brincadeira nem legitimar corrupção".

...bem-me-quer Então os tucanos devem boicotar o requerimento? Não exatamente. "Manteremos as assinaturas se a redação for conveniente", afirma Virgílio.

Mando de jogo. Laçado de surpresa por Vanderlei Macris (PSDB-SP), que pedia sua assinatura para a CPI dos cartões corporativos na Câmara, o ministro e deputado licenciado José Múcio (Relações Institucionais) deu o tom da música cantada pelo Planalto devolvendo a brincadeira: "É a mesma CPI do Senado, não faz sentido".

Armeiro. Autor do pedido de uma CPI que inclua os deputados, Carlos Sampaio (PSDB-SP) avisa que, se a manobra do governo vingar, repassará a munição já recolhida no Tribunal de Contas da União para a cúpula de seu partido no Senado.

Cuidado! Dilma Rousseff, que nas aparições públicas mais recentes vinha treinando o figurino simpático de candidata, estava com cara de pouquíssimos amigos na abertura dos trabalhos do Congresso. A chefe da Casa Civil chegou ontem à Câmara cercada por seguranças, falou quase nada e, tão logo encerrados os discursos, avisou a José Múcio: "Vou indo".

Antes... De Lula, quando do lançamento do Portal da Transparência, em 2005: "É nossa intenção que o povo brasileiro seja estimulado a dar sua contribuição no controle e fiscalização".

...e depois. Ontem, o ministro Franklin Martins (Comunicação) defendeu que os gastos com cartão corporativo para abastecer de carne os churrascos presidenciais não devem ser divulgados no portal. Por questão de segurança.

Imagem é tudo. Em sua primeira reunião de diretoria como presidente da Anac, Solange Vieira recomendou que a assessoria de imprensa do órgão faça, "em todas as reuniões, um relato sobre a imagem da instituição", além de "apresentar pontos que poderão ser pautados pela mídia".

À espreita. Presidente do PT paulistano, José Américo diz que o partido só espera ver Geraldo Alckmin no palanque de alguma inauguração de José Serra para entrar com ação na Justiça. O vereador alega que, como o tucano não tem cargo, sua participação em eventos do gênero caracterizaria promoção eleitoral.

Água e óleo. Pensando bem, José Américo não tem com que se preocupar. A chance de Serra e Alckmin ocuparem o mesmo palanque não é das maiores.

Na avenida. Floriano Pesaro (Desenvolvimento Social) é por ora o único entre os secretários de Gilberto Kassab que pretende sair candidato. O tucano deixa o cargo em 30 de março para disputar vaga de vereador. No Carnaval, pediu votos até na concentração da Vai-Vai, escola pela qual desfilou na "ala vip".

Tiroteio

Só espero que o governo não queira pagar as obras do PAC com cartão corporativo.


Do senador pernambucano SÉRGIO GUERRA , presidente do PSDB, ligando o escândalo da hora à recente declaração de Lula de que o país será transformado este ano num canteiro de obras.

Contraponto

Fora de época

Na madrugada de sábado, a primeira de desfiles no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, José Serra assistia à passagem das escolas de samba quando foi surpreendido por uma eleitora que lhe presenteou com o livro "Tratado de Yoga", de Mestre DeRose. Depois de agradecer e tirar uma foto ao lado da moça, o governador entregou o catatau de 950 páginas, compêndio de oito obras do autor, aos cuidados de um assessor.
Este, boquiaberto, comentou baixinho:
-Quem anda com um livro desse tamanho em pleno Carnaval? Ainda se fosse o "Kama Sutra"...


Próximo Texto: Cartão banca contas de luxo das universidades federais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.