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Ação trabalhista expõe imóveis não declarados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público do Trabalho de Campinas (SP) pediu
o bloqueio de três imóveis registrados em cartório em nome
do novo corregedor da Câmara,
deputado Edmar Moreira
(DEM-MG), não declarados
por ele à Justiça quando concorreu à reeleição, em 2006.
O pedido de bloqueio foi feito
em janeiro de 2007, em razão
de dívidas trabalhistas das empresas de vigilância de Moreira.
O Ministério Público fez uma
varredura em cartórios da Zona
da Mata mineira para listar os
bens. As certidões foram obtidas em 9 de outubro de 2006.
Em São João Nepomuceno,
sua terra natal, estão em nome
do deputado duas casas na área
urbana da cidade e um terreno
de quatro hectares no distrito
de Carlos Alves, mesmo lugar
onde Moreira ergueu um suntuoso castelo de 36 suítes.
Esses três imóveis não constam da relação de bens entregue pelo deputado ao Tribunal
Superior Eleitoral em julho de
2006. Na lista de propriedades
declaradas há só um bem em
São João Nepomuceno: uma
casa na Praça João Teodósio de
Araújo, no valor de R$ 17,5 mil.
As certidões das duas casas e
do terreno não declarados por
ele não informam, segundo o
Ministério Público, quando foram adquiridos pelo deputado.
Moreira não foi localizado pela
Folha para explicar a diferença
entre os dois documentos.
Além dessas três propriedades, o Ministério Público do
Trabalho pediu o bloqueio de
outros seis imóveis em nome
do deputado e de sua mulher,
Julia Fernandes Moreira, em
São João Nepomuceno e Juiz
de Fora. A Justiça do Trabalho
ainda não julgou os pedidos.
Moreira e sua mulher são donos de três empresas de segurança privada em São Paulo.
Eles são acusados de sonegar
INSS e não honrar dívidas trabalhistas. Há cerca de 2.000
ações movidas por ex-empregados do deputado.
Dívidas
As empresa de Moreira deram prejuízos milionários a
bancos públicos. O Banco do
Brasil cobra na Justiça o pagamento de empréstimo de R$ 1,9
milhões. A instituição também
chegou a ser intimada a assumir dívida trabalhista de R$ 1,2
milhão da F. Moreira Empresa
de Segurança e Vigilância, mas
conseguiu reverter a decisão.
A Ronda Empresa de Segurança e Vigilância, também do
deputado, prestou serviços à
Nossa Caixa, em São Paulo.
Acabou na lista de empresas
suspensas pelo banco em 2007.
Apesar de ser empresário do
ramo de vigilância privada, ele
declarou à Câmara ter gasto
desde 2007 com esse serviço
R$ 246 mil da verba indenizatória -o equivalente a 65% do
que ele teve direito no período.
Ontem, a Câmara dos Deputados negou à Folha o acesso às
notas fiscais apresentadas pelo
parlamentar para justificar os
gastos -fato que se repete desde que a verba indenizatória foi
instituída, em 2001, apesar de
as despesas serem feitas com
recursos públicos.
A verba indenizatória é um
auxílio mensal da Câmara com
limite de R$ 15 mil para o ressarcimento de despesas relacionadas ao exercício do mandato -como gastos de escritório, combustível e divulgação.
Entre os deputados, é pouco
usual o gasto com segurança.
(FERNANDA ODILLA, ALAN GRIPP E
MARIA CLARA CABRAL)
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