São Paulo, domingo, 07 de fevereiro de 2010

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Sigla teme "sub-imperialismo" brasileiro

Documento debatido pelo partido ontem diz que atitude de grandes empresas compromete integração na AL

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Embora conte com o apoio de parcela expressiva do empresariado e se venda como o partido que garantirá a estabilidade econômica se vencer a eleição, o PT preparou um documento preliminar para discutir no seu congresso em que classifica a atuação de grandes empresas privadas brasileiras como "arrogante e predatória" e diz que isso compromete a integração na América do Sul.
"Para que a implementação dessa política [de desenvolvimento regional] seja bem recebida pelos países vizinhos, é necessário afastar o temor de que esteja em marcha algum tipo de "sub-imperialismo" brasileiro", afirma o texto. "Temor muitas vezes reforçado pela atitude arrogante e predatória de grandes empresas brasileiras". O papel não cita nomes.
Segundo o documento, parte dos uruguaios, paraguaios e bolivianos vê o Brasil como uma ameaça maior a sua economia e soberania que os EUA.
O texto defende o modelo de integração previsto pela Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e observa que o sucesso da iniciativa exige impedir que a "dinâmica das grandes empresas privadas brasileiras" coloque em risco objetivos estratégicos do Estado.
O ministro Samuel Pinheiro Guimarães (Assuntos Estratégicos) disse que a atenção que a política externa brasileira dá à integração do continente é objeto de "luta ideológica" no país. Ex-secretário geral do Itamaraty, também reagiu ao excesso de críticas ao presidente Hugo Chávez e opôs-se à "convicção na sociedade brasileira de que a Venezuela tem um governo totalitário". Mas o texto do PT descarta a adoção do modelo de integração pregado por Venezuela, Cuba e Bolívia.
Debatido ontem pelo partido, o documento avalia que a política externa brasileira pode se transformar no médio prazo em "ameaça" aos EUA, a partir de uma espécie de competição "de baixa intensidade" que ocorre hoje. Na avaliação do PT, os EUA mantiveram uma "exibição de força bruta", apesar da promessa de uma nova política para a América Latina.
O texto, que poderá sofrer alterações até o dia 18, quando começa o congresso, afirma que a vitória do PT é "condição necessária" para a manutenção da atual política externa.


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