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Aliados criticam a sigla, mas mantêm apoio
No poder, PT se distanciou dos sindicatos e dos movimentos sociais que ajudaram a construir o partido
DA REPORTAGEM LOCAL
A experiência no poder afastou gradualmente o PT dos movimentos sociais que ajudaram
a erguer o partido, mas, no oitavo ano do governo Lula, as lideranças desses segmentos evitam tornar explícita a fadiga
desta histórica ligação.
"O PT fragilizou os laços de
origem que o constituíram, e as
bases sociais passaram a perder
importância ao longo do tempo, quando o núcleo de poder
ficou autônomo. O PT sabe que
perdeu esses laços e também
sabe que precisa retomá-los",
afirmou Rachel Meneghello,
professora do departamento de
Ciência Política da Unicamp.
Responsável por construir
no governo a ponte com as entidades da sociedade civil, o ministro Luiz Dulci (Secretaria
Geral da Presidência) nega o
afastamento: "A relação do partido com as organizações populares continua fortíssima, mas
é claro que ela evoluiu e transformou-se com as próprias mudanças do país. As grandes conquistas econômicas e sociais do
governo Lula foram construídas junto com os movimentos".
Para a direção do MST, o PT
preserva o elo com esses segmentos. Porém, segundo João
Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do movimento, a
classe trabalhadora se fragmentou como consequência da
"política neoliberal" dos últimos 20 anos, e o PT, por sua
vez, deu prioridade à luta eleitoral -que, para ele, não garante "as mudanças estruturais".
O presidente nacional da
CUT (Central Única dos Trabalhadores), Artur Henrique, admite que no primeiro mandato
de Lula "havia muita confusão
entre partido, governo e central
sindical", o que gerou "estresse
e incompreensões". No segundo mandato, disse, houve
"amadurecimento" na relação.
"Não podemos transformar o
movimento sindical num braço
do partido", defendeu o sindicalista, para quem hoje a CUT
tem a autonomia para contestar do governo. Ele rebate, ainda, as críticas sobre a transformação do governo Lula numa
"república de sindicalistas".
"Não é pouco ter um governo
que dialoga. No governo Lula,
os movimentos sindicais encontraram canais de comunicação que não existiram em outros governos", disse João Felício, secretário sindical do PT.
Ex-petista, a deputada Luíza
Erundina (PSB-SP) associa o
distanciamento do PT das bases sociais às mudanças no
mundo do trabalho, "que foi a
matriz do partido". "Hoje o PT
é um partido condicionado e
determinado pelas questões
institucionais. Não teve acúmulo de força nas bases sociais
para alterar a lógica de governos dependentes de maiorias",
afirmou Erundina.
O desafio petista, resume o
governador Jaques Wagner, é
equilibrar o jogo de forças entre
a militância e os quadros petistas que passaram a integrar a
burocracia dos governos.
(MD)
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