São Paulo, domingo, 7 de fevereiro de 1999

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Painel


Acabando a munição

Apesar da vitória pontual por ter derrubado Chico Lopes do Banco Central, Malan continua na mira do PSDB. Caciques tucanos deixaram claro ao presidente que esta é a última chance para o ministro da Fazenda. O presidente também acha que é. O apoio no PFL a Malan ainda existe, mas já foi muito mais forte.


Subiu no muro

FHC respondeu que não tinha outra alternativa a não ser dar nova chance a Malan. Agora, seria preciso pegar os recursos do FMI de qualquer jeito. E Malan seria a pessoa ideal. Afirmou ainda que, mais à frente, poderá fazer a substituição na Fazenda.


Cabo-de-guerra

É forte na cúpula do PSDB a articulação para trazer Mendonção de volta ao governo. FHC quer. Malan não quer muito. E o PFL não quer de jeito nenhum. Tucanos trabalham para que um relatório do Tribunal de Contas da União dê atestado de idoneidade à privatização das teles.

Prozac via DDD

A preocupação do governo em diminuir a agressividade da mídia tem tomado muito tempo do secretário-executivo da Fazenda, Pedro Parente. Nos finais de tarde, ele procura formadores de opinião para dizer que o diabo não é tão feio como parece.


Informação privilegiada

O prefeito de Recife, Roberto Magalhães (PFL), disse a jornalistas que não vai comentar a indicação de Armínio Fraga para o Banco Central: "Só falo depois de ler o livro "A Crise do Capitalismo', do George Soros (megainvestidor e ex-chefe de Fraga), que acabei de comprar".


Retaliação

O líder Aécio Neves quer atrair para o PSDB parlamentares gaúchos e paraibanos do PMDB que sempre foram meio tucanos.


Turbo ligado

Em poucas horas, o número de empregos a ser criado pela empresa "espelho" que disputará com a Tele Norte Leste subiu como um foguete. No Ministério das Comunicações, falou-se em 600, talvez 1.000. No Planalto, Pimenta da Veiga anunciou 3.000.


Malandragem arriscada

Apesar de bradar que a prioridade é evitar a volta da inflação, Malan seguirá recomendação do FMI para usar o velho dragão a fim de diminuir duas despesas pesadas da União: Previdência e folha de pagamento. Com uma inflação de 15% em 99, a economia ajudará o governo a cumprir o novo acordo com o Fundo.
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Sensibilidade pública

Cresceu 80% a procura dos moradores de rua de São Paulo por abrigos nos últimos três meses. Preocupada com a situação, que deve se agravar com a crise cambial, a Pastoral do Povo da Rua pediu reunião com a prefeitura, o Estado e o Ministério Público. Ainda não houve resposta.
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Factóide pão-de-queijo

Itamar (MG) tem desculpa engatilhada caso opte por não pagar os R$ 108 mi de eurobônus na quarta. Alegará que tem o dinheiro, mas que a União o segurou. Assim, o governador tentará jogar credores contra FHC.
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Fofoca da corte

Numa reunião, o tempo fechou entre Teresa Ter-Minassian, chefe da missão do FMI, e Pedro Parente, secretário-executivo da Fazenda. Pedro Malan e Stanley Fischer puseram panos quentes.
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Faltou autocrítica

FHC pensou em criar um empréstimo compulsório. Desistiu por achar que não convenceria o Congresso da situação de "calamidade", exigida para a cobrança. Talvez por não ouvir o que se diz do governo no Legislativo.
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Quem grita mais

O PMDB peitou e levou. Os tucanos ficaram de bico caído depois que Sergio Amaral disse que FHC apoiava o imposto verde, bandeira do ministro peemedebista Padilha (Transportes).


Farra baiana

Saiu do FEF (Fundo de Estabilização Fiscal) o dinheiro da recepção para 50 pessoas na residência oficial do Senado, no dia 1º, em comemoração à reeleição de ACM. Conta: R$ 2.700,00.

TIROTEIO

De Geddel Vieira Lima

(PMDB), sobre a sugestão de José Aníbal (PSDB) para Padilha (Transportes) "modificar seu vocabulário e procedimentos", por ter chamado o tucano Aécio de "moleque de recados":
- Quando queria eleger o Roberto Brant líder tucano, o que o Aníbal dizia sobre o Aécio era tão horroroso que não tenho coragem de repetir. Agora, com a paz de volta ao PSDB, talvez parem de perder deputados.

CONTRAPONTO

Inesperada eloquência

Senador pela Paraíba, Ney Suassuna (PMDB) costuma passar mais tempo no Rio, onde mora. Mas vai ao Estado natal sempre que precisa cumprir algum compromisso, sobretudo de natureza eleitoral. Recentemente, foi convidado a entregar os prêmios aos vencedores dos jogos olímpicos da cidade de Pilões.
Os jogos foram um sucesso.
A Suassuna coube entregar o troféu ao vencedor da corrida de meia distância, um jovem mudo.
O senador fez um discurso antes de entregar o troféu. Depois de recebê-lo, o mudo pediu para falar. Para surpresa de Suassuna, pegou o microfone e passou a proferir uma sucessão de sons onomatopéicos.
Mas veio uma surpresa maior: outro jovem, que acompanhava o mudo, passou a interpretar o que ele dizia. Ao final, o mudo foi muito aplaudido. Suassuna se limitou a comentar, admirado:
- Nunca vi mudo fazer discurso. Muito menos com tradução simultânea!



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