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ORÇAMENTO
Por determinação do banco, União cria rede para garantir que programas não sofram mais cortes
BID pede para proteger programa social
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Por determinação do BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento), a União criou uma Rede
de Proteção Social para garantir
que 21 programas da área social
que o banco considera prioritários
-como o renda mínima, o combate ao trabalho infantil e a distribuição de merenda escolar- não
sofram mais cortes em seus orçamentos por conta do ajuste fiscal.
O BID exige que o governo não
bloqueie nenhum recurso aprovado para esses programas protegidos, além de estabelecer metas físicas e financeiras e exigir modificações na forma dos programas para
torná-los mais eficientes.
Sem o cumprimento dessas determinações, o BID não liberaria
sua parcela (US$ 4,5 bilhões) no
empréstimo internacional de ajuda ao Brasil.
Os US$ 4,5 bilhões que serão emprestados pelo BID fazem parte do
pacote financeiro de US$ 41,5 bilhões que organismos internacionais colocaram à disposição do
Brasil em novembro passado para
minimizar os efeitos da crise.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) entrou com a maior parcela do empréstimo -US$ 18,1 bilhões- e exigiu que o governo se
comprometesse a reduzir o déficit
público e manter a estabilidade.
Para diminuir o impacto das medidas de contenção do déficit público impostas pelo FMI na população de baixa renda, o BID e o Bird
(Banco Mundial) condicionaram a
liberação de seus empréstimos à
garantia de que a União manteria
esses programas intactos.
²
Sem bloqueio
A principal exigência do BID é
que pelo menos 40% dos recursos
aprovados para os programas protegidos sejam liberados pelo Tesouro até junho. Os 21 programas
da Rede de Proteção Social estão
distribuídos por três ministérios
(Educação, Saúde e Trabalho) e
pela Secretaria de Ação Social.
O secretário-adjunto para Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, Gustavo Rodrigues, deu "total garantia" de
que as metas de execução financeira serão cumpridas.
Para isso, os programas protegidos serão tratados da mesma maneira daqueles que fazem parte do
"Brasil em Ação" -conjunto de
projetos prioritários da campanha
de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. Ou seja, terão prioridade na liberação de verbas pelo Tesouro e ficarão livres de
contingenciamento.
Outra medida que será tomada
para garantir o cumprimento das
metas do BID é que os recursos dos
programas protegidos já sairão
"carimbados" do Tesouro, o que
impede que sejam utilizados para
outros fins dentro dos ministérios.
Dos US$ 4,5 bilhões do empréstimo do BID, US$ 1,1 bilhão já foi liberado. Esse primeiro desembolso
será repassado a pequenas e microempresas pelo BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
O restante (US$ 3,4 bilhões) será
destinado ao financiamento de
programas sociais (US$ 2,2 bilhões) e a pequenas e médias empresas (US$ 1,2 bilhão).
A expectativa é que US$ 1,9 bilhão dos US$ 3,4 bilhões seja liberado ainda em 99. Até março de
2000, todo o empréstimo do BID já
deve estar à disposição.
O Bird (Banco Mundial) também
condicionou a liberação de sua
parcela do pacote financeiro internacional de ajuda ao Brasil -de
US$ 4,5 bilhões- a investimentos
na área social.
No início de janeiro, o Bird liberou US$ 1 bilhão para ser usado no
programa de reforma da Previdência (US$ 757,5 milhões) e para programas da área social (US$ 252,5
milhões).
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