São Paulo, domingo, 07 de março de 2004

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PAINEL

Discurso e prática
O governo ainda não pagou um centavo em emendas parlamentares do Orçamento de 2004. Em fevereiro, Guido Mantega anunciou que seria abolido o método de concentrar as liberações no final do ano.

Usina de reciclagem
Preocupado em criar nova "agenda positiva", o governo ainda não tirou a velha do papel. No fim de 2003, prometiam-se unidades do programa Farmácia Popular para o primeiro bimestre. Agora, só em maio.

Filosofia oficial
Autora de recente libelo contra cobranças feitas ao PT a propósito do caso Waldomiro Diniz, a filósofa Marilena Chaui foi indicada por Tarso Genro para o Conselho Nacional de Educação. Para as outras 11 vagas o ministro já recebeu 93 sugestões.

Funilaria e pintura
Tarso Genro avalia que o Conselho Nacional de Educação está "sucateado". Exemplo: "o melhor computador que tínhamos por lá era um 386. Agora compramos 12 novos". O conselho analisa diretrizes curriculares e novos cursos universitários.

Poder mutilado
Do deputado Delfim Netto (PP-SP), sobre os efeitos do caso Waldomiro Diniz: "O governo perdeu um pé, um olho e uma orelha, mas sobreviveu".

O pacificador
Embora reconheça "um entrevero" recente com o petista Aloizio Mercadante, José Sarney afirma que foi tudo superado. O presidente do Senado rejeita a noção de que queira a cabeça do líder do governo. Ela continua, no entanto, a balançar.

Não paga imposto
A sólida perspectiva de reeleição de José Sarney não impede Renan Calheiros de continuar a sonhar com a presidência do Senado. A amigos, o peemedebista não se mostra satisfeito com a consolação de herdar a liderança do governo, atualmente ocupada por Aloizio Mercadante.

Sexto sentido
A turma de José Carlos Aleluia (BA) enxerga o dedo do Planalto no deslocamento de deputados aliados para o PFL na tentativa de eleger Pauderney Avelino (AM) à liderança do partido. A disputa acontece na quarta.

Noivado difícil
É remota, hoje, a chance de o PFL abrir mão de candidatura própria em São Paulo para unir-se ao PSDB no primeiro turno. Como o PTB está ainda menos inclinado à aliança, cresce a hipótese de os tucanos marcharem sozinhos -sem acréscimo, portanto, em seu tempo de TV.

Reforma agrária
Caso se confirme o cenário de solidão tucana, o horário eleitoral paulistano terá um "latifúndio" -de Marta Suplicy, que deverá acumular os tempos de PT e PMDB- e "médias propriedades" de tamanho semelhante -de PSDB e PFL.

Meu nome é Paulo
Se entrar na disputa -o que hoje parece provável a aliados e adversários-, Paulo Maluf será quase nanico na TV. Seu PP terá um terço a menos do tempo que estará disponível para os partidos do pelotão intermediário.

Dieta tucana
Quem aceita convite de Geraldo Alckmin para um papo político no início da noite de domingo se impressiona com a frugalidade do cardápio no Palácio dos Bandeirantes. Em regra, só cafezinho. No máximo, uma pizza.

Mensagem em código
Especialistas em Ciro Gomes não acreditam que ele venha a se candidatar em Fortaleza, como chegou a sugerir. O gesto seria apenas um sinal de insatisfação emitido ao governo. Ivo, irmão caçula de Ciro, é o nome do PPS mais cotado para vice na chapa de Inácio Arruda (PC do B).

TIROTEIO

De Walter Pinheiro (BA), sobre seu colega petista Antônio Carlos Biscaia (RJ), que acusou Magno Malta (PL-ES), autor do pedido de CPI dos bingos, de ser ligado ao crime organizado:
-Quando o Magno rodou o Brasil em busca de votos para Lula, não tinha "ligações com o crime". Agora, no vale-tudo para abafar a CPI, virou bandido.

CONTRAPONTO

Assunto encerrado

Em 1988, o hoje deputado Campos Machado (PTB-SP) era advogado de Jânio Quadros. Começara a trabalhar para o então prefeito de São Paulo dois anos antes, e, segundo conta, nada recebia para defendê-lo.
Um dia, Jânio perguntou a Machado quanto lhe devia. O advogado hesitou, mas, diante da insistência do cliente ilustre, apresentou uma cifra. Sem negociar, o ex-presidente chamou sua secretária, Kalime Gadia.
Pediu que a auxiliar servisse de testemunha enquanto preenchia o cheque. Entregou-o a Machado, agradeceu e despediu-se.
Já na rua, ao tirar o cheque do bolso, o advogado constatou que quantia, data e assinatura haviam sido escritas em lugar errado. O papel nada valia.
Abordou o assunto no encontro seguinte com Jânio. Em vão:
-Paguei tudo. Não lhe devo mais nada. Por favor, vamos para a próxima página.


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