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Coronel diz que
corpos foram
queimados
VICTOR RAMOS
DA AGÊNCIA FOLHA
Pedro Corrêa Cabral, 62, coronel da reserva da Aeronáutica que
serviu aos militares no combate
aos guerrilheiros do Araguaia, diz
que corpos de cerca de 40 membros da guerrilha foram queimados pelas Forças Armadas.
Segundo ele, houve "execução"
de prisioneiros e de moradores da
região ligados aos guerrilheiros.
Corrêa, autor do livro "Xambioá - Guerrilha no Araguaia"
(1993), foi um dos primeiros militares a revelar o que presenciaram
na época. "Eu vi coisas absurdas
ali, atos de covardia", diz.
Ele conta que houve uma operação montada pelas Forças Armadas para eliminar as evidências do
conflito. De acordo com Corrêa,
depois que a guerrilha foi derrotada, as Forças Armadas reuniram
informação sobre a localização
dos corpos de guerrilheiros e os
desenterraram. Em seguida, os
corpos foram levados para a serra
das Andorinhas, região próxima a
Xambioá (487 km de Palmas), onde foram queimados.
O coronel diz já ter retornado ao
local, mas que não conseguiu
achar o ponto exato onde os cerca
de 40 corpos foram queimados.
Evidências de "execução" de
guerrilheiros também foram presenciadas por Corrêa, no período
em que serviu à Aeronáutica na
guerrilha do Araguaia. "Vi uma
guerrilheira que estava grávida,
presa em Marabá [498 km de Belém]. Um dia ela saiu numa patrulha com o Curió [Sebastião Curió
Rodrigues de Moura, ex-agente
de informações do Exército] e,
quando a patrulha voltou, cadê?
Não veio, foi executada", afirmou.
Sobre a relação dos habitantes
de Xambioá com a guerrilha, diz
ter havido dois momentos. Antes
da chegada do Exército, em 1972,
os guerrilheiros conseguiram
conquistar a simpatia dos moradores da cidade, oferecendo remédios e fazendo outros trabalhos de assistência social.
Depois, com a presença dos militares, os habitantes começaram
a mudar de atitude.
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