São Paulo, segunda-feira, 07 de março de 2005

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PRIVATIZAÇÕES

Light nega envio ilegal de dinheiro para o exterior

DA SUCURSAL DO RIO

A Light informou ontem, por meio de nota oficial, que a compra da Eletropaulo, em leilão de privatização em 1998, "foi efetuada em estrita obediência aos princípio legais e contábeis da legislação brasileira, atendendo a todas as regras de registro e apresentação de informações às autoridades". Na nota, a empresa nega que tenha cometido "fraude ou outra irregularidade".
A Polícia Federal investiga o suposto envio irregular de US$ 1 bilhão pela Light para duas subsidiárias com sede nas Ilhas Cayman, paraíso fiscal do Caribe.
O dinheiro remetido ao exterior teria sido usado para pagar dívidas com bancos europeus, que emprestaram dinheiro à empresa, por meio das subsidiárias, para comprar a Eletropaulo.
Segundo a PF, a suposta irregularidade estaria no fato de a Light ter continuado a enviar dinheiro ao exterior mesmo depois de quitados os débitos.
Na nota, a Light diz ainda que o inquérito da PF foi aberto em 2001, num "procedimento de praxe", depois que o Banco Central pediu explicações sobre as remessas. O próprio Banco Central, de acordo com a Light, concluiu que as operações eram legais.
Por causa do suposto esquema, a PF irá indiciar nesta semana o executivo francês Michel Gaillard, ex-presidente da Light, por remessa ilegal de divisas. Outros três ex-funcionários da companhia já haviam sido indiciados no ano passado pelo mesmo motivo.
De acordo com a PF, as subsidiárias Light Overseas Investments e Lir Energy Ltda. captaram recursos com prazo de seis meses a um ano. O dinheiro foi repassado à Light, que, por sua vez, emitiu títulos de até 12 anos para pagar o empréstimo pela compra da Eletropaulo. Tais títulos foram comprados pelas próprias subsidiárias da Light.
A suposta irregularidade estaria no fato de os títulos não terem sido resgatados, fazendo com que a dívida permanecesse no balanço da companhia, o que permitiu à Light enviar mais recursos ao exterior, mesmo depois de ter quitado a dívida.

Privatização
A Light foi privatizada em 1996 por US$ 2,7 bilhões, com ágio zero. O consórcio vencedor era liderado pela companhia estatal francesa EDF (atual controladora da Light) e pela empresa norte-americana AES.
Em 1998, a Light comprou, em leilão de privatização, o controle da Eletropaulo Metropolitana, distribuidora de energia da Grande São Paulo, tomando um empréstimo de US$ 1,2 bilhão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O restante foi captado no exterior por meio das subsidiárias em Cayman. Com o negócio, AES e EDF tornaram-se também sócias na distribuidora paulista.
Em 2001, EDF e AES desfizeram a sociedade, por meio de troca de ações das duas distribuidoras controladas por elas. A francesa ficou com o controle da Light e as dívidas das duas subsidiárias das Ilhas Cayman. Coube à AES, por sua vez, o controle da Eletropaulo e o débito com o BNDES.


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