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PRIVATIZAÇÕES
Light nega envio ilegal de dinheiro para o exterior
DA SUCURSAL DO RIO
A Light informou ontem, por
meio de nota oficial, que a compra da Eletropaulo, em leilão de
privatização em 1998, "foi efetuada em estrita obediência aos princípio legais e contábeis da legislação brasileira, atendendo a todas
as regras de registro e apresentação de informações às autoridades". Na nota, a empresa nega que
tenha cometido "fraude ou outra
irregularidade".
A Polícia Federal investiga o suposto envio irregular de US$ 1 bilhão pela Light para duas subsidiárias com sede nas Ilhas Cayman, paraíso fiscal do Caribe.
O dinheiro remetido ao exterior
teria sido usado para pagar dívidas com bancos europeus, que
emprestaram dinheiro à empresa,
por meio das subsidiárias, para
comprar a Eletropaulo.
Segundo a PF, a suposta irregularidade estaria no fato de a Light
ter continuado a enviar dinheiro
ao exterior mesmo depois de quitados os débitos.
Na nota, a Light diz ainda que o
inquérito da PF foi aberto em
2001, num "procedimento de praxe", depois que o Banco Central
pediu explicações sobre as remessas. O próprio Banco Central, de
acordo com a Light, concluiu que
as operações eram legais.
Por causa do suposto esquema,
a PF irá indiciar nesta semana o
executivo francês Michel Gaillard,
ex-presidente da Light, por remessa ilegal de divisas. Outros
três ex-funcionários da companhia já haviam sido indiciados no
ano passado pelo mesmo motivo.
De acordo com a PF, as subsidiárias Light Overseas Investments e Lir Energy Ltda. captaram recursos com prazo de seis
meses a um ano. O dinheiro foi
repassado à Light, que, por sua
vez, emitiu títulos de até 12 anos
para pagar o empréstimo pela
compra da Eletropaulo. Tais títulos foram comprados pelas próprias subsidiárias da Light.
A suposta irregularidade estaria
no fato de os títulos não terem sido resgatados, fazendo com que a
dívida permanecesse no balanço
da companhia, o que permitiu à
Light enviar mais recursos ao exterior, mesmo depois de ter quitado a dívida.
Privatização
A Light foi privatizada em 1996
por US$ 2,7 bilhões, com ágio zero. O consórcio vencedor era liderado pela companhia estatal francesa EDF (atual controladora da
Light) e pela empresa norte-americana AES.
Em 1998, a Light comprou, em
leilão de privatização, o controle
da Eletropaulo Metropolitana,
distribuidora de energia da Grande São Paulo, tomando um empréstimo de US$ 1,2 bilhão do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O restante foi captado no exterior por meio das subsidiárias
em Cayman. Com o negócio, AES
e EDF tornaram-se também sócias na distribuidora paulista.
Em 2001, EDF e AES desfizeram
a sociedade, por meio de troca de
ações das duas distribuidoras
controladas por elas. A francesa
ficou com o controle da Light e as
dívidas das duas subsidiárias das
Ilhas Cayman. Coube à AES, por
sua vez, o controle da Eletropaulo
e o débito com o BNDES.
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