|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo só fez 30% de ações antidesmate
Conclusão é do Greenpeace, que culpa Casa Civil por implementação falha de plano contra as derrubadas na Amazônia
Falta de coordenação das
ações do governo também
é apontada por especialistas independentes, que vêem no PAC risco para a floresta
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
O governo federal falhou ao
implementar a maior parte das
ações previstas no Plano de
Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, e isso ajuda a explicar a aceleração
na derrubada observada a partir de meados do ano passado.
A conclusão é de duas análises do plano feitas independentemente -uma pela ONG ambientalista Greenpeace e outra
por um grupo de consultores
contratado pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente).
A análise do Greenpeace
(www.greenpeace.org/bra
sil) foi apresentada ontem. Segundo a ONG, em quatro anos,
apenas 31% das 32 ações previstas no plano foram "quase
ou integralmente cumpridas".
A maioria das ações, especialmente as de fomento a atividades econômicas sustentáveis na região amazônica, ainda
não havia sido implementada
no período analisado pelo relatório -2005 a 2007. Entre elas
está a reforma na política de
crédito rural, algo que o governo só começou a fazer nos últimos três meses, e o aproveitamento de áreas já degradadas
para a produção agropecuária.
Esta última medida, vital para a
redução da pressão sobre a floresta, jamais saiu do papel.
Segundo o relatório, a falta
de coordenação da Casa Civil
(que chefia a execução do plano
por 13 ministérios) foi o principal fator de atraso na implementação do plano. "Faltou sinalização clara da Casa Civil
sobre a prioridade do plano
contra o desmatamento", afirma o relatório. Isso se refletiu
no contingenciamento de recursos que deveriam ser destinados às ações de fiscalização e
na falta de articulação entre as
tarefas que cada ministério deveria desempenhar.
"Vários ministérios agiram
no sentido contrário, inclusive,
com ações que favorecem o
desmatamento", afirmou Marcelo Marquesini, do Greenpeace, autor principal do estudo.
A mesma falta de interesse
da Casa Civil em assumir o plano foi notada por um grupo de
especialistas designados pelo
MMA para avaliá-lo. Eles devem entregar suas conclusões
em breve à ministra Marina
Silva, mas já adiantam que um
outro fator precisa urgentemente ser avaliado: o impacto
das obras de infra-estrutura do
PAC na Amazônia.
O componente infra-estrutura nem ao menos faz parte do
plano contra o desmate: foi excluído em 2004, por ordem da
ministra Dilma Rousseff.
Segundo Marquesini, a ação
emergencial que o governo
vem adotando de janeiro para
cá tem o potencial de ajudar a
frear o desmate neste ano, mas
isso não é garantido. "O governo não tem gente para segurar
o desmate", afirmou ele.
A Casa Civil disse que não
iria comentar o relatório.
Texto Anterior: Pressionado, Lupi deixa comando do PDT Próximo Texto: Arco de fogo: Chegada de agentes provoca apreensão em cidade de RO Índice
|