São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Pressionado, Lupi deixa comando do PDT

Ministro do Trabalho se licencia após reunião com novo presidente da Comissão de Ética Pública, Sepúlveda Pertence

Lupi diz que, apesar de estar "dentro da legalidade", não deseja constranger ainda mais o presidente Lula com sua permanência no cargo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de se reunir ontem com o presidente da Comissão de Ética Pública, Sepúlveda Pertence, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, decidiu pedir licença da presidência do PDT. O ministro já informou o presidente Lula de sua decisão.
Lupi vinha sendo pressionado pela Comissão de Ética a optar por um dos dois cargos que vinha acumulando: o de ministro e o de presidente do PDT.
Ele anunciou sua decisão em entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo. "Mesmo considerando que eu estou dentro da legalidade, garantida pela Constituição brasileira, eu não quero criar um constrangimento maior ao presidente da República de ele ter que fazer a opção", disse o ministro.
O pedetista foi aconselhado pelo próprio Lula a pedir licença da presidência do partido para manter o comando do ministério. Desde o início da semana, a saída de Lupi da presidência do PDT era dada como certa dentro do Palácio do Planalto.
A licença de Lupi, conforme reportagem da Folha mostrou ontem, não alterará a forma de atuação do partido dentro do ministério. Desde que assumiu a pasta, em abril do ano passado, Lupi loteou os postos-chave do ministério com integrantes da máquina do PDT.
A estratégia para a sua saída foi acertada anteontem com a Executiva do PDT e parlamentares. Anteontem, o ministro disse que ainda pensava qual caminho tomar, mas já havia acertado com o Planalto que deixaria o comando do PDT. Ele aproveitaria que a Comissão de Ética está sob novo comando para acatar a orientação do órgão, mesmo alegando que considera não ter cometido nenhuma ilegalidade.
O Planalto também considera que Lupi não estava infringindo nenhuma norma, mas disse a ele que a pressão atingiu um ponto em que ele não tinha outra saída senão deixar o comando do partido. Logo após a Comissão de Ética ter sugerido ao presidente que Lupi deveria se afastar de uma das funções, o ministro do Trabalho foi alvo de uma série de denúncias de que estaria favorecendo entidades ligadas ao PDT na distribuição de verbas do ministério.
A Folha noticiou, por exemplo, que pelo menos 12 convênios assinados pelo Ministério do Trabalho autorizaram a destinação de R$ 50 milhões a entidades e pessoas ligadas ao PDT. Além disso, revelou que entidade ligada à Força Sindical pleiteava convênio no ministério para recolocar mão-de-obra em São Paulo a um custo quase 100% maior do que o gasto pelo governo paulista.
Uma outra denúncia foi publicada por "O Globo", que pôs sob suspeita a validade de convênio de R$ 10,7 milhões entre o ministério e a DataBrasil.
A resistência de Lupi levou à saída do ex-ministro Marcílio Marques Moreira da presidência da Comissão de Ética.
O líder do PDT na Câmara, Vieira da Cunha (RS), vice-presidente do partido, disse que não foi informado do afastamento do ministro: "Não recebi nenhuma ligação ou recado do Lupi neste sentido". Manoel Dias, secretário-geral do PDT, deve substituir Lupi no comando do partido.


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