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Pressionado, Lupi deixa comando do PDT
Ministro do Trabalho se licencia após reunião com novo presidente da Comissão de Ética Pública, Sepúlveda Pertence
Lupi diz que, apesar de estar "dentro da legalidade", não deseja constranger ainda mais o presidente Lula com sua permanência no cargo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de se reunir ontem
com o presidente da Comissão
de Ética Pública, Sepúlveda
Pertence, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, decidiu pedir
licença da presidência do PDT.
O ministro já informou o presidente Lula de sua decisão.
Lupi vinha sendo pressionado pela Comissão de Ética a optar por um dos dois cargos que
vinha acumulando: o de ministro e o de presidente do PDT.
Ele anunciou sua decisão em
entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo. "Mesmo
considerando que eu estou
dentro da legalidade, garantida
pela Constituição brasileira, eu
não quero criar um constrangimento maior ao presidente da
República de ele ter que fazer a
opção", disse o ministro.
O pedetista foi aconselhado
pelo próprio Lula a pedir licença da presidência do partido para manter o comando do ministério. Desde o início da semana,
a saída de Lupi da presidência
do PDT era dada como certa
dentro do Palácio do Planalto.
A licença de Lupi, conforme
reportagem da Folha mostrou
ontem, não alterará a forma de
atuação do partido dentro do
ministério. Desde que assumiu
a pasta, em abril do ano passado, Lupi loteou os postos-chave
do ministério com integrantes
da máquina do PDT.
A estratégia para a sua saída
foi acertada anteontem com a
Executiva do PDT e parlamentares. Anteontem, o ministro
disse que ainda pensava qual
caminho tomar, mas já havia
acertado com o Planalto que
deixaria o comando do PDT.
Ele aproveitaria que a Comissão de Ética está sob novo comando para acatar a orientação do órgão, mesmo alegando
que considera não ter cometido nenhuma ilegalidade.
O Planalto também considera que Lupi não estava infringindo nenhuma norma, mas
disse a ele que a pressão atingiu
um ponto em que ele não tinha
outra saída senão deixar o comando do partido. Logo após a
Comissão de Ética ter sugerido
ao presidente que Lupi deveria
se afastar de uma das funções,
o ministro do Trabalho foi alvo
de uma série de denúncias de
que estaria favorecendo entidades ligadas ao PDT na distribuição de verbas do ministério.
A Folha noticiou, por exemplo, que pelo menos 12 convênios assinados pelo Ministério
do Trabalho autorizaram a destinação de R$ 50 milhões a entidades e pessoas ligadas ao
PDT. Além disso, revelou que
entidade ligada à Força Sindical pleiteava convênio no ministério para recolocar mão-de-obra em São Paulo a um
custo quase 100% maior do que
o gasto pelo governo paulista.
Uma outra denúncia foi publicada por "O Globo", que pôs
sob suspeita a validade de convênio de R$ 10,7 milhões entre
o ministério e a DataBrasil.
A resistência de Lupi levou à
saída do ex-ministro Marcílio
Marques Moreira da presidência da Comissão de Ética.
O líder do PDT na Câmara,
Vieira da Cunha (RS), vice-presidente do partido, disse que
não foi informado do afastamento do ministro: "Não recebi nenhuma ligação ou recado
do Lupi neste sentido". Manoel
Dias, secretário-geral do PDT,
deve substituir Lupi no comando do partido.
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