São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Mulheres sem terra invadem estatal e dois engenhos em PE

Policiais cercam 150 mulheres que incendiaram uma casa-grande em Água Preta

Bombeiros controlaram o fogo no engenho Cachoeira Dantas, mas os móveis e os eletrodomésticos foram atingidos; ninguém se feriu

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Mulheres ligadas à Via Campesina invadiram ontem a sede da estatal Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) em Petrolina e dois engenhos na mata sul de Pernambuco. Em um deles, elas colocaram fogo na casa-grande.
As invasões fazem parte das manifestações promovidas pela Via Campesina devido ao Dia Internacional da Mulher. Na terça-feira, mulheres ligadas ao movimento invadiram a fazenda Tarumã, em Rosário do Sul (RS), e foram retiradas pela Brigada Militar (a PM gaúcha).
Na ação em Petrolina, ontem, cerca de 400 mulheres de acampamentos de Pernambuco e da Bahia invadiram a sede da Codevasf no início da manhã e instalaram-se na recepção e no pátio do órgão, em protesto contra projetos que, segundo a Via Campesina, favorecem o agronegócio, como o da transposição do rio São Francisco.
Apesar da invasão, os funcionários da Codevasf trabalharam normalmente, e a polícia apenas acompanhou a ação. A superintendência recebeu um grupo com dez representantes das manifestantes. No final da tarde, o grupo deixou o local em marcha pelo centro de Petrolina até a sede regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), onde realizaram uma assembléia.
Ainda na manhã de ontem, um grupo de cem mulheres invadiu o engenho Pereira Grande, em Gameleira (110 km de Recife). Outras 150 mulheres invadiram o engenho Cachoeira Dantas, em Água Preta (140 km de Recife), e foram cercadas pela Polícia Militar após colocar fogo na casa-grande.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e conseguiu controlar o incêndio, mas móveis e eletrodomésticos ficaram destruídos. Ninguém ficou ferido.
Algumas sem-terra afirmaram que os policiais atiraram na direção dos manifestantes, mas ninguém foi atingido. O comando da operação disse que não foram efetuados disparos. Não houve presos nem feridos.
Até o início da noite, as mulheres não haviam deixado os engenhos. Um representante do Incra foi a Água Preta para conversar com o grupo.
Há cerca de 20 dias, a Justiça de Água Preta determinou o despejo de 66 famílias ligadas ao MST que viviam no local há mais de 20 anos, de acordo com o movimento. Segundo o MST, eles eram trabalhadores do engenho, que, depois de demitidos, não receberam as indenizações trabalhistas e invadiram a propriedade após ela ser penhorada. O novo proprietário ajuizou ação reivindicatória com tutela antecipada. O Incra não confirmou as informações.


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