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PM não vai tolerar "baderna" no RS, diz coronel
GILMAR PENTEADO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SANTANA DO LIVRAMENTO (RS)
Acusado de truculento pela
Via Campesina, o subcomandante da Brigada Militar do Rio
Grande do Sul, coronel Paulo
Roberto Mendes, disse que a
polícia não vai permitir "baderna" no Estado e que a imprensa
não deve ter acesso a ações de
retirada de invasores por medida de segurança. Mendes é um
dos oficiais que chefiaram a
reintegração de posse da fazenda Tarumã, em Rosário do Sul.
"Queriam o quê, que entregássemos flores?", questionou
ele. A operação de retirada deixou 59 mulheres, entre elas sete grávidas, e dez crianças feridas na última terça-feira. Um
PM teve um corte no braço. O
grupo protestava contra a exploração da área pela empresa
sueco-finlandesa Stora Enso.
As lesões foram provocadas
por tiros de bala de borracha,
estilhaços de bomba e pisões de
cavalos da PM. A governadora
Yeda Crusius (PSDB) não quis
falar sobre o caso e repassou a
tarefa para seus subordinados
(leia texto abaixo).
Ontem, integrantes da Via
Campesina, responsável pela
invasão da fazenda Tarumã, fizeram caminhadas em Santana
do Livramento, Encruzilhada
do Sul e Porto Alegre para protestar contra a violência.
A ação policial foi criticada
pelo ouvidor-geral da Secretaria da Segurança Pública gaúcha, Adão José Correa Paiani,
que aponta indícios de abuso
policial. As manifestantes afirmam que foram agredidas mesmo depois de rendidas. A PM
cercou a área e impediu o acesso da imprensa, que ficou a
11 km do local da operação.
"Ouvidor é para ouvir, não
para falar", afirmou o coronel.
Mendes disse que empregou
"força legal" e justificou os ferimentos pela resistência das
manifestantes. "Não permitiremos bagunça no Rio Grande do
Sul. Não vamos aceitar baderna", afirmou ele, que se orgulha
em dizer que desde janeiro de
2007 as reintegrações de posse
no Estado foram feitas menos
de 24 horas após as invasões.
Sobre a retirada da imprensa,
Mendes disse que a decisão não
foi dele, mas defendeu a medida. "No local tem de estar só as
partes: os delinqüentes e os policiais." O Comando da PM
abriu um inquérito militar para
apurar o caso. Segundo a instituição, no entanto, não há indícios de irregularidade na ação.
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