São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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PM não vai tolerar "baderna" no RS, diz coronel

GILMAR PENTEADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTANA DO LIVRAMENTO (RS)

Acusado de truculento pela Via Campesina, o subcomandante da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, coronel Paulo Roberto Mendes, disse que a polícia não vai permitir "baderna" no Estado e que a imprensa não deve ter acesso a ações de retirada de invasores por medida de segurança. Mendes é um dos oficiais que chefiaram a reintegração de posse da fazenda Tarumã, em Rosário do Sul.
"Queriam o quê, que entregássemos flores?", questionou ele. A operação de retirada deixou 59 mulheres, entre elas sete grávidas, e dez crianças feridas na última terça-feira. Um PM teve um corte no braço. O grupo protestava contra a exploração da área pela empresa sueco-finlandesa Stora Enso.
As lesões foram provocadas por tiros de bala de borracha, estilhaços de bomba e pisões de cavalos da PM. A governadora Yeda Crusius (PSDB) não quis falar sobre o caso e repassou a tarefa para seus subordinados (leia texto abaixo).
Ontem, integrantes da Via Campesina, responsável pela invasão da fazenda Tarumã, fizeram caminhadas em Santana do Livramento, Encruzilhada do Sul e Porto Alegre para protestar contra a violência.
A ação policial foi criticada pelo ouvidor-geral da Secretaria da Segurança Pública gaúcha, Adão José Correa Paiani, que aponta indícios de abuso policial. As manifestantes afirmam que foram agredidas mesmo depois de rendidas. A PM cercou a área e impediu o acesso da imprensa, que ficou a 11 km do local da operação.
"Ouvidor é para ouvir, não para falar", afirmou o coronel. Mendes disse que empregou "força legal" e justificou os ferimentos pela resistência das manifestantes. "Não permitiremos bagunça no Rio Grande do Sul. Não vamos aceitar baderna", afirmou ele, que se orgulha em dizer que desde janeiro de 2007 as reintegrações de posse no Estado foram feitas menos de 24 horas após as invasões.
Sobre a retirada da imprensa, Mendes disse que a decisão não foi dele, mas defendeu a medida. "No local tem de estar só as partes: os delinqüentes e os policiais." O Comando da PM abriu um inquérito militar para apurar o caso. Segundo a instituição, no entanto, não há indícios de irregularidade na ação.


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