São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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Bastos se antecipa ao Congresso e diz que vai prestar esclarecimentos

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sob a ameaça de ser convocado para depor, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) antecipou-se e encaminhou ontem carta ao presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), colocando-se à disposição para prestar esclarecimentos. Os parlamentares querem saber se dois dos assessores do ministro participaram da violação do sigilo bancário de Francenildo Costa.
A data do depoimento ainda não foi definida. Calheiros adiantou apenas que Thomaz Bastos será ouvido no plenário do Senado. Este formato favorece o ministro. Ele terá de responder às perguntas de cada um dos senadores inscritos, mas os parlamentares não poderão fazer réplicas.
Ao colocar-se à disposição, Thomaz Bastos evita o constrangimento de ser obrigado a falar. Motivo: não será mais colocado em votação o requerimento do PSDB que o convocava para ser ouvido no plenário do Senado.
O PPS também havia feito proposta similar, mas na Câmara. O presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP), também estuda marcar uma sessão para que o ministro preste esclarecimentos.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) elogiou a postura de Thomaz Bastos, mas criticou o formato da sessão com o ministro. "Seria melhor que ele fosse ouvido na Comissão de Constituição e Justiça, onde poderíamos fazer réplicas para esclarecer melhor as coisas."
Na carta a Renan, o ministro diz que aceita ser ouvido tanto na Câmara quanto no Senado: " Manifesto minha disposição em comparecer a qualquer uma das Casas do Parlamento, em data a ser marcada de acordo com a conveniência do Legislativo".
A oposição passou a defender a ida de Thomaz Bastos ao Congresso no começo desta semana, quando surgiu a informação de que o secretário de Direito Econômico da Justiça, Daniel Goldberg, e o chefe-de-gabinete de Thomaz Bastos, Cláudio Alencar, estiveram na casa do ex-ministro Antonio Palocci na noite de 16 de março, quando o sigilo do caseiro foi violado. Desde então, a oposição suspeita que Thomaz Bastos poderia ter ajudado a abafar as investigações da Polícia Federal sobre a violação do sigilo.
Na segunda-feita, Thomaz Bastos defendeu os dois assessores. Disse que eles não participaram da violação e que, ao contrário do que havia solicitado Palocci, não impediu que a Polícia Federal investigasse o caso. No mesmo dia, o Ministério da Justiça divulgou nota afirmando que tanto Alencar quanto Golberg haviam prestado depoimento voluntário à PF.
No seu depoimento à PF, Goldberg confirmou ter ido a casa do ex-ministro com Alencar, mas disse que o chefe-de-gabinete não entrou no local. O secretário de Direito Econômico afirmou que viu o então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, chegar minutos depois, mas negou ter participado da reunião entre Mattoso e o ex-ministro.
Ontem, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) anunciou que irá apresentar requerimento para solicitar uma acareação entre Mattoso e Palocci, já que os dois, em depoimentos à PF, apresentaram versões diferentes sobre a quebra ilegal do sigilo do caseiro.


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