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Bastos se antecipa ao Congresso e diz que vai prestar esclarecimentos
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sob a ameaça de ser convocado
para depor, o ministro Márcio
Thomaz Bastos (Justiça) antecipou-se e encaminhou ontem carta ao presidente do Congresso,
Renan Calheiros (PMDB-AL), colocando-se à disposição para
prestar esclarecimentos. Os parlamentares querem saber se dois
dos assessores do ministro participaram da violação do sigilo bancário de Francenildo Costa.
A data do depoimento ainda
não foi definida. Calheiros adiantou apenas que Thomaz Bastos
será ouvido no plenário do Senado. Este formato favorece o ministro. Ele terá de responder às
perguntas de cada um dos senadores inscritos, mas os parlamentares não poderão fazer réplicas.
Ao colocar-se à disposição,
Thomaz Bastos evita o constrangimento de ser obrigado a falar.
Motivo: não será mais colocado
em votação o requerimento do
PSDB que o convocava para ser
ouvido no plenário do Senado.
O PPS também havia feito proposta similar, mas na Câmara. O
presidente da Casa, Aldo Rebelo
(PC do B-SP), também estuda
marcar uma sessão para que o ministro preste esclarecimentos.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) elogiou a postura de Thomaz
Bastos, mas criticou o formato da
sessão com o ministro. "Seria melhor que ele fosse ouvido na Comissão de Constituição e Justiça,
onde poderíamos fazer réplicas
para esclarecer melhor as coisas."
Na carta a Renan, o ministro diz
que aceita ser ouvido tanto na Câmara quanto no Senado: " Manifesto minha disposição em comparecer a qualquer uma das Casas
do Parlamento, em data a ser
marcada de acordo com a conveniência do Legislativo".
A oposição passou a defender a
ida de Thomaz Bastos ao Congresso no começo desta semana,
quando surgiu a informação de
que o secretário de Direito Econômico da Justiça, Daniel Goldberg,
e o chefe-de-gabinete de Thomaz
Bastos, Cláudio Alencar, estiveram na casa do ex-ministro Antonio Palocci na noite de 16 de março, quando o sigilo do caseiro foi
violado. Desde então, a oposição
suspeita que Thomaz Bastos poderia ter ajudado a abafar as investigações da Polícia Federal sobre a violação do sigilo.
Na segunda-feita, Thomaz Bastos defendeu os dois assessores.
Disse que eles não participaram
da violação e que, ao contrário do
que havia solicitado Palocci, não
impediu que a Polícia Federal investigasse o caso. No mesmo dia,
o Ministério da Justiça divulgou
nota afirmando que tanto Alencar
quanto Golberg haviam prestado
depoimento voluntário à PF.
No seu depoimento à PF, Goldberg confirmou ter ido a casa do
ex-ministro com Alencar, mas
disse que o chefe-de-gabinete não
entrou no local. O secretário de
Direito Econômico afirmou que
viu o então presidente da Caixa
Econômica Federal, Jorge Mattoso, chegar minutos depois, mas
negou ter participado da reunião
entre Mattoso e o ex-ministro.
Ontem, o senador Álvaro Dias
(PSDB-PR) anunciou que irá
apresentar requerimento para solicitar uma acareação entre Mattoso e Palocci, já que os dois, em
depoimentos à PF, apresentaram
versões diferentes sobre a quebra
ilegal do sigilo do caseiro.
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