São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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Petista e pré-candidatos tucanos se criticam em discursos eleitoreiros

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

MARCELO SALINAS
ENVIADO ESPECIAL A RIO VERDE (GO)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o pré-candidato do PSDB ao Planalto, Geraldo Alckmin, trocaram críticas em eventos distintos ontem, sem mencionar nomes, e deram tom eleitoral ao discurso. Em Campinas (SP), Lula fez comentários sobre o crescimento econômico de São Paulo na administração Alckmin.
O presidente disse que São Paulo e outros Estados se beneficiaram do crescimento econômico do país em seu governo. Sem citar Alckmin, também falou de outro tema caro ao ex-governador de São Paulo: a Febem (Fundação do Bem-Estar do Menor).
"Virou moda agora dizer que São Paulo cresce mais do que o Brasil. Ou que o Rio de Janeiro cresce mais do que o Brasil [...]. Parece coincidência, mas estes Estados só passaram a crescer mais do que o Brasil quando o Brasil começou a crescer no nosso governo", disse Lula, em discurso improvisado, no lançamento do edital de licitação para empresas interessadas em integrar o aeroporto industrial, no Aeroporto Internacional de Viracopos.
Alckmin, em palestra para empresários do setor agrícola em Rio Verde (220 km de Goiânia), abandonou o tom moderado das críticas e confrontou a política econômica do presidente dizendo que o Brasil é hoje um país de "rentistas" que, com a alta dos juros, "vêm sugar nosso dinheiro". Sem citar o petista, o tucano criticou a condução da política monetária pelo Banco Central, que, diz ele, "está no piloto automático".
"Precisamos melhorar a qualidade do gasto público para desonerar o setor produtivo. (...) O Brasil está vocacionado para o desenvolvimento. Precisamos voltar a ser terra de oportunidades, e não terra de rentista", discursou o tucano. Alckmin não mencionou o nome de Lula ou de outro membro do governo, assim como questões éticas, como fazia. O ex-governador será investigado pelo Ministério Público de São Paulo por suposta improbidade administrativa, no caso da suspeita de uso político de verba publicitária pela Nossa Caixa.
Em Ribeirão Preto, José Serra, pré-candidato tucano ao governo de São Paulo, também criticou o governo federal. "Não foi apenas na economia, que está estagnada, mas também na política voltou-se para trás, recolhendo e revigorando tudo aquilo que a política brasileira tinha de pior." Diferentemente de Alckmin, o ex-prefeito atacou diretamente Lula: "O desemprego em São Paulo é seriíssimo. O governo Lula até hoje não apresentou os 10 milhões de empregos prometidos. Lula deveria ter uma correspondência entre o que ele fala e aquilo que ele faz".
Em Campinas, Lula pediu ao senador Aloizio Mercadante (PT-SP) -pré-candidato do PT ao governo do Estado- "estudo" que mostre quantos desempregados surgiram em São Paulo. Questionou a razão pela qual o Estado não cresceu antes de seu governo.
O presidente fez críticas à segurança pública paulista. "Haverá um dia neste país em que nós teremos menos Febens e mais indústrias. Menos Febens e mais escolas", disse Lula. Na avaliação de petistas presentes no evento, a Febem é o ponto fraco de Alckmin na campanha.
Ao abordar a questão da segurança pública, Alckmin procurou dividir a responsabilidade do Estado com a atual política econômica que, segundo ele, restringe a oferta de emprego aos jovens.


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