São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2008

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Ofícios avisaram sobre ameaça a sem-terra

Documentos revelam que órgãos de segurança foram alertados um mês antes da morte de líder do MST

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Documentos obtidos pela Folha revelam que, um mês antes do assassinato do líder sem-terra Eli Dallemole, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná, o comando da Polícia Militar e a delegacia de Ortigueira (PR) foram formalmente alertados pela Ouvidoria Agrária Nacional sobre ameaças contra o dirigente do MST.
Integrante da coordenação estadual do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Dallemole foi assassinado a tiros por dois homens encapuzados na noite de 30 de março, na casa dele.
Em ofícios "urgentes" encaminhados em 25 de fevereiro, a ouvidoria citou o sem-terra assassinado. O documento foi endereçado ao secretário Luiz Fernando Delazari, ao comandante-geral da PM, coronel Nemésio de França Filho, e à delegacia de Ortigueira.
No documento, a ouvidoria solicitou às autoridades que tomassem "as medidas necessárias para garantir a segurança pública na área da fazenda Copramil [invadida pelo MST] bem como a incolumidade física das famílias de trabalhadores rurais sem-terra".
A ouvidoria relata que, segundo denúncia, "empregados fortemente armados (...) afirmaram que vão matar os trabalhadores conhecidos por Eli Dallemole, Vanderléia de Oliveira e Sebastião Machado".
Procurada pela reportagem por meio de sua assessoria, a Secretaria da Segurança Pública não se manifestou. A PM, por meio de sua assessoria, informou que o ofício foi repassado ao comando policial da região de Ortigueira para que "fizessem rondas preventivas". "Tínhamos uma operação [para cumprir mandados de prisão preventiva] planejada para segunda-feira [dia 31] e ele foi morto no domingo [dia 30]", disse Clóvis Papa, delegado de Ortigueira. (EDUARDO SCOLESE)


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