São Paulo, terça-feira, 07 de abril de 2009

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Lula diz a prefeitos que todos vão ter que "apertar o cinto"

Presidente afirma que crise também afeta arrecadação dos Estados e da União

Petista, que disse ontem que "a crise chegou" ao país, reúne equipe nesta semana para definir plano de ajuda aos municípios


Ricardo Stuckert/PR
O governador Aécio Neves, o presidente Lula e o vice José Alencar tocam viola caipira em evento da Sudene, em Montes Claros (MG)

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MONTES CLAROS

Ao dizer ontem que "a crise chegou" ao Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que ainda nesta semana vai reunir sua equipe para definir um plano de ajuda aos prefeitos, que reclamam da queda na arrecadação das suas receitas. Lula, porém, avisou que a ajuda não será suficiente para cobrir todas as perdas e que todos vão ter de "apertar o cinto".
"Imaginem vocês a nossa mãe colocando feijão no fogo para cinco pessoas e chegam dez. Ou seja, todos nós vamos ter de comer a metade do que estava previsto para a gente comer. Então é importante que cada prefeito, cada governador e cada ministro saiba que reduziu a receita. Reduzindo a receita, vai reduzir a distribuição", disse o presidente.
A declaração de Lula foi feita durante a solenidade de inauguração da terceira usina de biodiesel da Petrobras, em Montes Claros (MG), que contou com a presença de trabalhadores rurais e prefeitos da região norte de Minas Gerais.
Lula afirmou que a crise afeta não só as prefeituras mas também os governos federal e estaduais. E sobre o saldo menor nos cofres da União, apontou dois motivos: a queda da atividade econômica ocasionada pela crise internacional e as desonerações de impostos promovidas para aquecer determinados setores, como o automotivo e o da construção civil.
"Todos vamos ter de apertar o cinto, mas nenhum de nós vai morrer na seca, como muitos municípios já morreram durante tanto e tanto tempo."
O governo federal já havia anunciado queda de 27% na arrecadação federal em fevereiro e de 9,11% no primeiro bimestre, comparado ao mesmo período de 2008. Nos municípios, a queda de receita tem sido até mais acentuada, chegando a 30%, conforme as entidades que reúnem os prefeitos.
No discurso, acompanhado de nove governadores da área da Sudene (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste) -que envolve os nove Estados do Nordeste mais parte de Minas e do Espírito Santo- e de 11 ministros, Lula voltou a falar da necessidade de o governo investir em infraestrutura e disse que continuará promovendo mais ações, como o programa habitacional anunciado recentemente.
Ele fez um novo apelo para a população não deixar de consumir e até pediu para que torçam e roguem a Deus para a crise acabar nos países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão, de forma que esses países voltem a alimentar o comércio. "Se eles não compram, teremos mais problemas aqui", disse.
No ano passado, Lula chamou a crise de "marolinha". "O Brasil recebeu a crise seis meses após ela ter chegado a outros lugares", disse ontem.
Os prefeitos que acompanharam o discurso de Lula ficaram irritados com a ordem para apertarem os cintos. "Vamos apertar os cintos das criancinhas, que precisam da merenda e do transporte escolares, apertar na saúde", disse o prefeito de Petis e presidente da associação que reúne os municípios mineiros da área da Sudene, Valmir Morais de Sá (PTB).


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