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"Com todo o carisma de Lula, eu ganhei dele duas vezes no 1º turno", diz FHC
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Só carisma não ganha eleição. "O carisma é importante,
mas não é a única coisa. O
presidente Lula, com todo o
carisma que tem, eu ganhei
dele no primeiro turno, duas
vezes. Então, depende do momento, depende das circunstâncias. Não basta o carisma."
O autor da frase é o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, que esteve em Washington para participar de
evento sobre descriminalização do usuário de drogas, na
Brookings Institution. Ao final do debate, que contou
com a participação do ex-presidente colombiano César
Gaviria, FHC falou sobre a sucessão presidencial no Brasil.
Indagado sobre se não era
difícil para a oposição emocionar a opinião pública
quando Luiz Inácio Lula da
Silva acaba de ser descrito pelo presidente Barack Obama
como o "político mais popular do mundo", o tucano respondeu: "Difícil é, mas ele foi
oposição a mim e eu ganhei.
Impossível não é."
FHC, que governou o Brasil
de 1995 a 2003, disse ter ficado "contente" com o elogio de
Obama a Lula, feito durante a
última reunião do G20, na semana passada, em Londres.
"Ué, fiquei contente, acho
bom que o Brasil tenha um
político popular." Mas relativizou: "Não sei se corresponde aos fatos, não sei se é o
mais, mas é um dos mais.
Acho que é bom."
Indagado pela Folha se
apoiaria a chamada chapa
"puro-sangue" em 2010 com
o governador de São Paulo,
José Serra, a encabeçando, e
o governador de Minas, Aécio
Neves, como vice, FHC disse
que não seria "fair" [justo
-ele acabara de dar palestra
em inglês] com o mineiro,
"um candidato para ser cabeça" de chapa.
"Para você ser "fair", não sei
nem se é o caso, porque depende das condições políticas, mas enquanto tivermos
dois candidatos, e eu sou presidente de honra do partido,
eu não posso dizer, não, é um,
não é o outro, é um, mas é um
na frente, o outro atrás. Tenho é de criar condições para
que haja uma compreensão
para ver quem tem mais
chances."
De qualquer maneira, FHC
acha o debate "prematuro" e
culpa o presidente Lula por
ele, "o que está prejudicando." "Entendo que o presidente Lula tem lá suas razões,
porque ele escolheu uma candidata desconhecida, então,
resolveu forçar um pouco o
"schedule" [calendário]."
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