São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2010

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Em MG, Dilma fala "uai" e ataca oposição

Na primeira viagem solo de campanha, ex-ministra tenta reforçar elo com o Estado e volta a bater em tucanos, citando FHC

Pré-candidata petista afirma que "lobos em pele de cordeiro" são os "que tentarem fingir que não divergiram do governo"


Marlene Bergamo/Folha Imagem
Dilma Rousseff, em visita ao túmulo do presidente Tancredo Neves, em São João Del Rei (MG)

ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A SÃO JOÃO DEL REI
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM OURO PRETO

Na tentativa de reforçar sua origem, a pré-candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, visitou ontem, em sua primeira viagem de campanha, cidades históricas de Minas Gerais, Estado onde nasceu. Além de reforçar sua origem -repetiu diversas vezes a interjeição "uai", tipicamente mineira-, voltou a atacar a oposição, citando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Em São João Del Rei, cidade do presidente eleito Tancredo Neves, morto em 1985 e avô do ex-governador tucano Aécio Neves, Dilma foi questionada sobre propostas concretas para Minas. "Não me consta que durante o governo Fernando Henrique Cardoso grandes obras foram executadas em Minas", reagiu, enumerando projetos do governo Lula na região.
"É mais difícil quem nunca fez nada provar que fez", disse.
Depois de visitar e colocar um buquê de flores no túmulo de Tancredo, Dilma rebateu a pergunta sobre as motivações para inaugurar sua pré-campanha em "berço tucano". "Minas é meu berço, viu? E eu não sou tucana. E acho que Tancredo, que eu saiba, também não era tucano. Que eu saiba, [o presidente] Juscelino Kubitschek não era tucano. Aliás, as cidades e os Estados não são de ninguém, são de cada um de nós."
Em outro compromisso, em Ouro Preto, a petista afirmou que os oposicionistas fingem não ser oposição ao governo. Ela voltou a usar o termo "lobo em pele de cordeiro".
Indagada sobre quem são os lobos, disse: "Quem da oposição tentar se passar como sucessor do presidente Lula, não sendo, é um lobo em pele de cordeiro. Aqueles que tentarem fingir que não divergiram do governo, que não têm projeto diferente, que não criticaram e não propuseram o fim de políticas de governo", afirmou.
Dilma procurou mostrar ainda que apenas ela, entre os pré-candidatos ao Planalto, é herdeira política do presidente. "Não existe hipótese de eu me desvencilhar do governo Lula."
À noite, em palestras na Universidade Federal São João Del Rei, Dilma atacou o governo paulista, citando os últimos atritos e confrontos entre professores grevistas da rede estadual e policiais. A ex-ministra, que não citou nominalmente o Estado, defendeu a valorização da carreira e falou que o "nós [o governo] repudiamos toda e qualquer violência policial cometida contra professores".
Dilma disse que na campanha eleitoral é preciso "caracterizar as diferenças" para que a população possa ser informada sobre os dois projetos diferentes: o de Lula e o da oposição. "Não estamos apostando nem no "bateu, levou" nem no ataque, nada disso", afirmou.
A ex-ministra afirmou que escolheu Ouro Preto para dar início à pré-campanha por ser um lugar "simbólico" -terra dos inconfidentes e onde ocorreu o primeiro ideal de liberdade, disse. Mineira de Belo Horizonte, Dilma fez carreira política no Rio Grande do Sul, e agora busca reforçar a sua identidade com o segundo colégio eleitoral do país, governado pelo PSDB.


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