São Paulo, quarta, 7 de maio de 1997.



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JANIO DE FREITAS
Um grande feito

Os que dirijam parabéns a Fernando Henrique Cardoso e Sérgio Motta devem fazê-lo em dose dupla: pela "venda" da Vale e, mais significativo, por ter a empresa ficado com Benjamin Steinbruch, membro do círculo mais fechado do fernandismo e que emergiu, com o atual governo, de uma expressão empresarial comum a inúmeros empresários para arrebatar as três grandes privatizações -a da Companhia Siderúrgica Nacional, a da Light e agora a da Vale.
Há um terceiro motivo, ainda, para parabéns, mas talvez nem todos os daquele famoso cordão queiram lembrá-lo ao homenageado. É que Fernando Henrique Cardoso conseguiu patrocinar um negócio que, antes de montado pelo governo, jamais alguém suporia tão exótico: a "venda" de uma gigante como a Vale, dominadora de um quarto do comércio mundial de minério de ferro e respectivo transporte marítimo, além de outras riquezas fantásticas, por valor igual a apenas dois meses dos juros da dívida externa.
"Venda" e valor que sugerem a transcrição de um trecho, entre outros merecedores de nova publicação, do artigo sobre os métodos dessa privatização assinado, na Folha de ontem, pelo consultor financeiro, empresário de investimentos e, portanto, insuspeito de "ideologismo" Luís Paulo Rosemberg: "De qualquer forma, um leilão mais parecido com uma ação entre amigos coloca a questão do preço mínimo em relevo".
O futuro, por sua vez, não deixará de brindar Fernando Henrique Cardoso com o registro e a justa avaliação da firmeza com que, como candidato, excluía duas empresas do rol das privatizáveis: a Vale e a Petrobrás. A persistência das suspeitas de que não dizia a verdade levou-o, já presidente, a uma declaração específica sobre a Vale, com o habitual destaque em vários jornais, no gênero "FHC: a Vale não será privatizada".
Se já foi ou ainda não, o Judiciário dirá. Mas Fernando Henrique Cardoso não precisa esperar por isso para receber parabéns pelos seus feitos inigualáveis.



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