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JANIO DE FREITAS
Um grande feito
Os que dirijam parabéns a
Fernando Henrique Cardoso e
Sérgio Motta devem fazê-lo
em dose dupla: pela "venda"
da Vale e, mais significativo,
por ter a empresa ficado com
Benjamin Steinbruch, membro do círculo mais fechado
do fernandismo e que emergiu, com o atual governo, de
uma expressão empresarial
comum a inúmeros empresários para arrebatar as três
grandes privatizações -a da
Companhia Siderúrgica Nacional, a da Light e agora a da
Vale.
Há um terceiro motivo, ainda, para parabéns, mas talvez
nem todos os daquele famoso
cordão queiram lembrá-lo ao
homenageado. É que Fernando Henrique Cardoso conseguiu patrocinar um negócio
que, antes de montado pelo
governo, jamais alguém suporia tão exótico: a "venda" de
uma gigante como a Vale, dominadora de um quarto do
comércio mundial de minério
de ferro e respectivo transporte marítimo, além de outras
riquezas fantásticas, por valor
igual a apenas dois meses dos
juros da dívida externa.
"Venda" e valor que sugerem a transcrição de um trecho, entre outros merecedores
de nova publicação, do artigo
sobre os métodos dessa privatização assinado, na Folha de
ontem, pelo consultor financeiro, empresário de investimentos e, portanto, insuspeito
de "ideologismo" Luís Paulo
Rosemberg: "De qualquer forma, um leilão mais parecido
com uma ação entre amigos
coloca a questão do preço mínimo em relevo".
O futuro, por sua vez, não
deixará de brindar Fernando
Henrique Cardoso com o registro e a justa avaliação da
firmeza com que, como candidato, excluía duas empresas
do rol das privatizáveis: a Vale e a Petrobrás. A persistência
das suspeitas de que não dizia
a verdade levou-o, já presidente, a uma declaração específica sobre a Vale, com o habitual destaque em vários jornais, no gênero "FHC: a Vale
não será privatizada".
Se já foi ou ainda não, o
Judiciário dirá. Mas Fernando Henrique Cardoso não
precisa esperar por isso para
receber parabéns pelos seus
feitos inigualáveis.
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