São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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SOMBRA NO TUCANATO

Presidente diz que há "vontade de ver escândalo em toda parte" e nega que espere demissão de Paulo Renato

Acusações são "requentadas", afirma FHC

DA FOLHA ONLINE

O presidente Fernando Henrique Cardoso classificou ontem de "requentadas" as acusações de que o ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira tenha pedido R$ 15 milhões como propina ao empresário Benjamin Steinbruch para formar o consórcio que liderou a compra da Vale do Rio Doce, privatizada em 1997.
Em entrevista à rádio Eldorado, o presidente disse que, em época de eleição, aumentam os rumores de escândalo. "Naturalmente, quando chega a fase eleitoral, aumenta mais ainda, aguça mais essa vontade de ver escândalo em toda parte", disse FHC sobre as acusações contra Ricardo Sérgio, publicadas no último fim de semana pela revista "Veja".
"Até agora, outras denúncias já feitas contra a mesma pessoa não foram comprovadas e não passaram de rumores", completou.
Ricardo Sérgio foi arrecadador de fundos para campanhas de FHC e do presidenciável tucano, José Serra. É investigado pela Receita por ter movimentado, em 98, valor cinco vezes maior que o que declarou ao fisco. E é acusado pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães de ter cobrado propina de R$ 90 milhões para intermediar a participação da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) no consórcio que comprou a atual Telemar. Ele nega a acusação.
"O governo não tem por que ficar aflito com esse diz-que-diz. Se for verdadeiro, muito bem. Espero que isso passe -e com a tranquilidade com que levo essas coisas. Havendo algo efetivo, a Justiça se ocupará disso", disse FHC.

Demissão
O presidente negou, por meio da assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, que esteja esperando um pedido de demissão do ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Segundo FHC, as informações de que esteja esperando o pedido são "especulações descabidas".
Paulo Renato confirmou à revista "Veja" o suposto pedido de propina no caso da Vale e disse que "de acordo com o Benjamin [Steinbruch], Ricardo Sérgio pediu dinheiro alegando estar agindo em nome de tucanos". Ele afirmou não ter perguntado quais seriam esses tucanos.
O ministro disse ainda que o empresário, "por meio de um emissário", afirmou ter falado com FHC sobre o caso. "Como resposta, ainda segundo suas palavras [de Steinbruch], escutou que o governo não tinha nada a ver com aquilo e que ele não deveria pagar", declarou o ministro.
Segundo a assessoria do Planalto, FHC "desmente categoricamente" que tenha confidenciado "a quem quer que seja" que cogitara a demissão do ministro.


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