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SOMBRA NO TUCANATO
Presidente diz que há "vontade de ver escândalo em toda parte" e nega que espere demissão de Paulo Renato
Acusações são "requentadas", afirma FHC
DA FOLHA ONLINE
O presidente Fernando Henrique Cardoso classificou ontem de
"requentadas" as acusações de
que o ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira tenha pedido R$ 15 milhões como
propina ao empresário Benjamin
Steinbruch para formar o consórcio que liderou a compra da Vale
do Rio Doce, privatizada em 1997.
Em entrevista à rádio Eldorado,
o presidente disse que, em época
de eleição, aumentam os rumores
de escândalo. "Naturalmente,
quando chega a fase eleitoral, aumenta mais ainda, aguça mais essa vontade de ver escândalo em
toda parte", disse FHC sobre as
acusações contra Ricardo Sérgio,
publicadas no último fim de semana pela revista "Veja".
"Até agora, outras denúncias já
feitas contra a mesma pessoa não
foram comprovadas e não passaram de rumores", completou.
Ricardo Sérgio foi arrecadador
de fundos para campanhas de
FHC e do presidenciável tucano,
José Serra. É investigado pela Receita por ter movimentado, em
98, valor cinco vezes maior que o
que declarou ao fisco. E é acusado
pelo ex-senador Antonio Carlos
Magalhães de ter cobrado propina de R$ 90 milhões para intermediar a participação da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil)
no consórcio que comprou a atual
Telemar. Ele nega a acusação.
"O governo não tem por que ficar aflito com esse diz-que-diz. Se
for verdadeiro, muito bem. Espero que isso passe -e com a tranquilidade com que levo essas coisas. Havendo algo efetivo, a Justiça se ocupará disso", disse FHC.
Demissão
O presidente negou, por meio
da assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, que esteja esperando um pedido de demissão do
ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Segundo FHC, as informações de que esteja esperando o pedido são "especulações
descabidas".
Paulo Renato confirmou à revista "Veja" o suposto pedido de
propina no caso da Vale e disse
que "de acordo com o Benjamin
[Steinbruch], Ricardo Sérgio pediu dinheiro alegando estar agindo em nome de tucanos". Ele afirmou não ter perguntado quais seriam esses tucanos.
O ministro disse ainda que o
empresário, "por meio de um
emissário", afirmou ter falado
com FHC sobre o caso. "Como
resposta, ainda segundo suas palavras [de Steinbruch], escutou
que o governo não tinha nada a
ver com aquilo e que ele não deveria pagar", declarou o ministro.
Segundo a assessoria do Planalto, FHC "desmente categoricamente" que tenha confidenciado
"a quem quer que seja" que cogitara a demissão do ministro.
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