São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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SOMBRA NO TUCANATO

Ministro sugere que Mercadante municiou reportagem e diz que se submete a FHC, mas não se demite

Petista originou crise, insinua Paulo Renato

LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, insinuou ontem que pode ter sido o deputado Aloizio Mercadante (PT), um "amigo do empresário Benjamin Steinbruch", a fonte da reportagem da revista "Veja", que relata ter havido um suposto pedido de propina feito pelo ex-caixa de campanhas tucanas Ricardo Sérgio de Oliveira para organizar o leilão da Vale do Rio Doce.
"Não estou acusando, mas eles passaram férias juntos na Bahia", afirmou Paulo Renato, minutos antes de embarcar para Nova York, no aeroporto de São Paulo.
 

Folha - O sr. é a fonte da revista "Veja" ou só confirmou a história do repórter?
Paulo Renato Souza -
Vou lhe dizer como foi. Está escrito na matéria que o repórter teve a informação de que em 1998 o sr. Benjamin Steinbruch falou com quatro pessoas e contou em detalhes o que está na matéria. E eu confirmei. Eu perguntei para ele [ao repórter" se sua fonte era o Benjamin. Isso ninguém perguntou para ele, nem a imprensa nem os dirigentes do meu partido. A quem interessa essa história quatro anos depois? Quem está plantando?

Folha - O sr. perguntou isso ao repórter?
Paulo Renato -
Sim. Ele me disse que não foi o Benjamin, mas foi um amigo dele. Quem são os amigos? A última notícia que eu tive do Benjamin é que ele passou as férias do final do ano com o [deputado petista Aloizio" Mercadante. Eu não sei se foi ele ou não, não estou acusando. Foi no Hotel Praia do Forte na Bahia, estava nos jornais. A quem interessa essa matéria, o que você acha?

Folha - Alguém que queira prejudicar a candidatura tucana?
Paulo Renato -
Sim. Mas para mostrar que o debate está despolitizado, a imprensa só está preocupada com dossiês. Quando vier o debate, todo mundo verá que Serra é o melhor candidato.

Folha - Mas nesse caso não tem dossiê, mas a história de que o presidente FHC soube de um suposto pedido de propina num processo de privatização.
Paulo Renato -
Mas não se realizou. Na época a história me pareceu estapafúrdia. Nem me lembrava da história, quem me lembrou foi o jornalista.

Folha - O sr. está magoado com algum dirigente do PSDB?
Paulo Renato -
Eu acho que... Essa história está superada.

Folha - O sr. não ficou curioso em saber quem eram os tucanos (na entrevista, o ministro fala que Ricardo Sérgio agiu "em nome de tucanos")?
Paulo Renato -
Não sou investigador.

Folha - Mas como tucano o sr. não quis saber?
Paulo Renato -
Não quis. Eu fui almoçar com o Benjamin para pedir dinheiro para uma campanha do ministério e ele me contou essa história. Não entrei em detalhes.

Folha - O sr. vai pedir demissão ou acha que pode ser demitido?
Paulo Renato -
Eu não vou me demitir, não fiz nada errado. Mas é claro que meu cargo é do presidente. Se ele achar que meu serviço não é mais necessário, tem o poder e me submeto. Eu não vou pedir demissão.

Folha - O sr. acha que isso vai prejudicar a campanha de Serra?
Paulo Renato -
Serra é o mais bem preparado. Isso não vai prejudicá-lo.



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