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SOMBRA NO TUCANATO
Ministro sugere que Mercadante municiou reportagem e diz que se submete a FHC, mas não se demite
Petista originou crise, insinua Paulo Renato
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Educação, Paulo
Renato Souza, insinuou ontem
que pode ter sido o deputado
Aloizio Mercadante (PT), um
"amigo do empresário Benjamin
Steinbruch", a fonte da reportagem da revista "Veja", que relata
ter havido um suposto pedido de
propina feito pelo ex-caixa de
campanhas tucanas Ricardo Sérgio de Oliveira para organizar o
leilão da Vale do Rio Doce.
"Não estou acusando, mas eles
passaram férias juntos na Bahia",
afirmou Paulo Renato, minutos
antes de embarcar para Nova
York, no aeroporto de São Paulo.
Folha - O sr. é a fonte da revista
"Veja" ou só confirmou a história
do repórter?
Paulo Renato Souza - Vou lhe dizer como foi. Está escrito na matéria que o repórter teve a informação de que em 1998 o sr. Benjamin
Steinbruch falou com quatro pessoas e contou em detalhes o que
está na matéria. E eu confirmei.
Eu perguntei para ele [ao repórter" se sua fonte era o Benjamin.
Isso ninguém perguntou para ele,
nem a imprensa nem os dirigentes do meu partido. A quem interessa essa história quatro anos depois? Quem está plantando?
Folha - O sr. perguntou isso ao repórter?
Paulo Renato - Sim. Ele me disse
que não foi o Benjamin, mas foi
um amigo dele. Quem são os amigos? A última notícia que eu tive
do Benjamin é que ele passou as
férias do final do ano com o [deputado petista Aloizio" Mercadante. Eu não sei se foi ele ou não,
não estou acusando. Foi no Hotel
Praia do Forte na Bahia, estava
nos jornais. A quem interessa essa
matéria, o que você acha?
Folha - Alguém que queira prejudicar a candidatura tucana?
Paulo Renato - Sim. Mas para
mostrar que o debate está despolitizado, a imprensa só está preocupada com dossiês. Quando vier o
debate, todo mundo verá que Serra é o melhor candidato.
Folha - Mas nesse caso não tem
dossiê, mas a história de que o presidente FHC soube de um suposto
pedido de propina num processo
de privatização.
Paulo Renato - Mas não se realizou. Na época a história me pareceu estapafúrdia. Nem me lembrava da história, quem me lembrou foi o jornalista.
Folha - O sr. está magoado com
algum dirigente do PSDB?
Paulo Renato - Eu acho que... Essa história está superada.
Folha - O sr. não ficou curioso em
saber quem eram os tucanos (na
entrevista, o ministro fala que Ricardo Sérgio agiu "em nome de tucanos")?
Paulo Renato - Não sou investigador.
Folha - Mas como tucano o sr. não
quis saber?
Paulo Renato - Não quis. Eu fui
almoçar com o Benjamin para pedir dinheiro para uma campanha
do ministério e ele me contou essa
história. Não entrei em detalhes.
Folha - O sr. vai pedir demissão
ou acha que pode ser demitido?
Paulo Renato - Eu não vou me
demitir, não fiz nada errado. Mas
é claro que meu cargo é do presidente. Se ele achar que meu serviço não é mais necessário, tem o
poder e me submeto. Eu não vou
pedir demissão.
Folha - O sr. acha que isso vai prejudicar a campanha de Serra?
Paulo Renato - Serra é o mais
bem preparado. Isso não vai prejudicá-lo.
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