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Denúncia contra Ricardo Sérgio é "tititi", diz Serra
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ARAPIRACA (AL)
O pré-candidato à Presidência
José Serra (PSDB) disse ontem em
Arapiraca (AL) não temer desgaste devido às denúncias contra o
empresário Ricardo Sérgio de Oliveira, seu ex-caixa de campanha.
"Não tem nada a ver comigo."
Para Serra, não passa de "tititi
ou cascas de banana que são jogadas aqui ou acolá" a denúncia de
que Ricardo Sérgio teria cobrado
propina de R$ 15 milhões do empresário Benjamin Steinbruch para ajudá-lo a montar o consórcio que comprou a Vale do Rio Doce.
Antes, em Maceió, havia classificado a denúncia como "fofoca e
trololó" de campanha eleitoral.
"Qualquer coisa sempre deve
ser investigada. No entanto, nenhum governo na história do Brasil investigou tanto e tudo quanto
o governo Fernando Henrique
Cardoso. Mas, para realizar qualquer investigação, é preciso uma
coisa concreta, e não um tititi ou
cascas de banana", disse Serra.
Durante três disputas eleitorais
consecutivas -1990, 94 e 96-,
Ricardo Sérgio o ajudou a coletar
fundos para campanhas.
Após discursar em um ginásio
de esportes e lançar o Programa
Bolsa-Alimentação em Arapiraca,
Serra disse que é contra a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar
a suposta cobrança de propina
por Ricardo Sérgio, que era diretor do Banco do Brasil.
"A instalação da CPI não faz
sentido, mas a oposição está no
seu direito de pedir qualquer coisa. A oposição sempre quer levar
a coisa adiante para desgastar o
governo", acrescentou.
Em Arapiraca, Serra entregou
cartões simbólicos para mães beneficiadas pelo programa. Segundo o Ministério da Saúde, 617 famílias do município foram contempladas pela Bolsa, que oferece
complementação de R$ 15 por
mês para crianças de 0 a 7 anos.
O presidenciável não comentou
a entrevista do empresário Carlos
Jereissati, do grupo La Fonte, em
que afirmou ter doado R$ 700 mil
à sua campanha ao Senado em 94
-na qual o tucano declarou R$
95 mil. "Só vou falar em Brasília
para a Folha. Meus advogados estão fazendo o levantamento dos
papéis", disse Serra à reportagem.
ACM
Serra aproveitou a viagem pelo
interior de Alagoas para criticar
indiretamente o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que o acusa de ser inimigo
do Nordeste. "Quem fala isso é a
oligarquia política responsável
pelo atraso que a região teve."
Em Salvador, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães reafirmou suas críticas. "Ele é inimigo
do Nordeste. Nos meus discursos
por todo o interior da Bahia, sou
muito aplaudido quando falo esta
verdade."
O tucano fez um discurso exaltando a "competência" dos nordestinos, que ajudaram no desenvolvimento de São Paulo.
"Eu nasci na Mooca, bairro onde chegaram os primeiros migrantes nordestinos em busca de
trabalho. As crianças nordestinas
foram minhas colegas em escolas
públicas, eu conheço a situação
do Nordeste desde aquela época."
"O meu amor pelo Nordeste
não é por ter nascido aqui, é por
ter vivido com os trabalhadores
do Nordeste, por ter trabalhado
pelo Nordeste, por ter ajudado a
região a se desenvolver, por ter
agentes de saúde pagos pelo governo federal trabalhando aqui."
No discurso, Serra disse que "é
incompreensível ter um Brasil rico e um Brasil pobre, um país
com pessoas de primeira classe e
com pessoas de segunda classe".
Em relação ao candidato a vice-governador em sua chapa, Serra
disse que o PMDB e o PSDB estão
trabalhando para chegar a um
consenso. "O importante é ter um
nome que represente os anseios
dos partidos, que represente os
anseios da sociedade."
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