São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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Denúncia contra Ricardo Sérgio é "tititi", diz Serra

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ARAPIRACA (AL)

O pré-candidato à Presidência José Serra (PSDB) disse ontem em Arapiraca (AL) não temer desgaste devido às denúncias contra o empresário Ricardo Sérgio de Oliveira, seu ex-caixa de campanha. "Não tem nada a ver comigo."
Para Serra, não passa de "tititi ou cascas de banana que são jogadas aqui ou acolá" a denúncia de que Ricardo Sérgio teria cobrado propina de R$ 15 milhões do empresário Benjamin Steinbruch para ajudá-lo a montar o consórcio que comprou a Vale do Rio Doce.
Antes, em Maceió, havia classificado a denúncia como "fofoca e trololó" de campanha eleitoral.
"Qualquer coisa sempre deve ser investigada. No entanto, nenhum governo na história do Brasil investigou tanto e tudo quanto o governo Fernando Henrique Cardoso. Mas, para realizar qualquer investigação, é preciso uma coisa concreta, e não um tititi ou cascas de banana", disse Serra.
Durante três disputas eleitorais consecutivas -1990, 94 e 96-, Ricardo Sérgio o ajudou a coletar fundos para campanhas.
Após discursar em um ginásio de esportes e lançar o Programa Bolsa-Alimentação em Arapiraca, Serra disse que é contra a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar a suposta cobrança de propina por Ricardo Sérgio, que era diretor do Banco do Brasil.
"A instalação da CPI não faz sentido, mas a oposição está no seu direito de pedir qualquer coisa. A oposição sempre quer levar a coisa adiante para desgastar o governo", acrescentou.
Em Arapiraca, Serra entregou cartões simbólicos para mães beneficiadas pelo programa. Segundo o Ministério da Saúde, 617 famílias do município foram contempladas pela Bolsa, que oferece complementação de R$ 15 por mês para crianças de 0 a 7 anos.
O presidenciável não comentou a entrevista do empresário Carlos Jereissati, do grupo La Fonte, em que afirmou ter doado R$ 700 mil à sua campanha ao Senado em 94 -na qual o tucano declarou R$ 95 mil. "Só vou falar em Brasília para a Folha. Meus advogados estão fazendo o levantamento dos papéis", disse Serra à reportagem.

ACM
Serra aproveitou a viagem pelo interior de Alagoas para criticar indiretamente o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que o acusa de ser inimigo do Nordeste. "Quem fala isso é a oligarquia política responsável pelo atraso que a região teve."
Em Salvador, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães reafirmou suas críticas. "Ele é inimigo do Nordeste. Nos meus discursos por todo o interior da Bahia, sou muito aplaudido quando falo esta verdade."
O tucano fez um discurso exaltando a "competência" dos nordestinos, que ajudaram no desenvolvimento de São Paulo.
"Eu nasci na Mooca, bairro onde chegaram os primeiros migrantes nordestinos em busca de trabalho. As crianças nordestinas foram minhas colegas em escolas públicas, eu conheço a situação do Nordeste desde aquela época."
"O meu amor pelo Nordeste não é por ter nascido aqui, é por ter vivido com os trabalhadores do Nordeste, por ter trabalhado pelo Nordeste, por ter ajudado a região a se desenvolver, por ter agentes de saúde pagos pelo governo federal trabalhando aqui."
No discurso, Serra disse que "é incompreensível ter um Brasil rico e um Brasil pobre, um país com pessoas de primeira classe e com pessoas de segunda classe".
Em relação ao candidato a vice-governador em sua chapa, Serra disse que o PMDB e o PSDB estão trabalhando para chegar a um consenso. "O importante é ter um nome que represente os anseios dos partidos, que represente os anseios da sociedade."


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