São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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SOMBRA NO TUCANATO

PT propõe limitar abrangência e prazo de investigação para conseguir assinaturas para comissão

Oposição articula para obter adesão à CPI

Márcio Fernandes/Folha Imagem
O porta-voz de Lula, André Singer, durante entrevista ontem


DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT propõe limitar a abrangência e o prazo de investigação para tentar conseguir adesões para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) mista para apurar revelações de que o ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira teria pedido propina de R$ 15 milhões ao empresário Benjamin Steinbruch para ajudá-lo a formar o consórcio que comprou a Vale do Rio Doce, privatizada em 1997.
A proposta é restringir as investigações à diretoria de relações internacionais do Banco do Brasil, durante o comando de Ricardo Sérgio, e à atuação dos fundos de pensão no processo de privatização da Vale do Rio Doce e do sistema Telebrás, em 1998.
O período de funcionamento da CPI -que seria composta por deputados e senadores- seria de 30 dias, permitindo a prorrogação de mais 30.
Hoje o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), vai reunir os vice-líderes da bancada para decidir se os pefelistas vão assinar ou não o pedido de CPI.

Tempo
Ontem, em conversa com o líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), Inocêncio pediu tempo para analisar com cuidado a proposta, segundo relatou o petista. Para instalar a CPI, a oposição depende de congressistas de partidos aliados do governo.
Os deputados de oposição não somam as assinaturas necessárias para a criação da comissão (171 deputados e 27 senadores).
Na própria oposição há discordância. O PPS, do presidenciável Ciro Gomes, não deve assinar o pedido de CPI. "Nós não temos número para decidir a questão e não sou moeda de troca do PFL", afirmou o líder do PPS na Câmara, João Herrmann Neto (SP).
A posição do partido é também um gesto político de agrado aos tucanos. O PPS procura aliados no PSDB que signifiquem votos no futuro a Ciro Gomes.

Divergências
Os partidos de oposição consideram que a reportagem de revista "Veja" tornou expostas as divergências do PSDB em torno da candidatura à Presidência do senador José Serra (PSDB).
"Embora verdadeiras, as denúncias estão sendo usadas como tempero da fritura da candidatura Serra. A democracia estará debilitada se esse assunto não for apurado", disse o líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ).
O líder do PSB na Câmara, José Antônio Almeida (MA), entrou ontem com pedido de depoimento na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do ministro Paulo Renato Souza (Educação), de Ricardo Sérgio, do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) e de Steinbruch.

Prestação de contas
Além do pedido de CPI, o PT vai entrar com um pedido na Justiça Eleitoral para que seja investigada a prestação de contas de Serra na eleição de 1994.
O empresário Carlos Jereissati, presidente da La Fonte Participações, afirmou que doou cerca de R$ 700 milhões para a campanha do senador.
O gesto é político. Mesmo que haja incorreções na prestação de contas, Serra não deverá ser punido. Um ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) disse à Folha que a prestação de contas é um processo administrativo e erros de contabilidade podem ser corrigidos a qualquer momento.


Colaborou SILVANA DE FREITAS, da Sucursal de Brasília



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