São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INVESTIGAÇÃO

Procuradoria quer 16 anos de prisão para Antonio Carlos Suplicy

Pedida pena maior a falso engenheiro

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal pediu a pena de 16 anos de prisão, em regime fechado, para Antonio Carlos Suplicy, o falso engenheiro que superavaliou em R$ 66,4 milhões a indenização a ser paga pela União por imóvel com uma choupana, na serra da Bocaina.
Em apelação ao TRF-SP (Tribunal Regional Federal) em janeiro, o procurador regional da República Mario Bonsaglia alegou danos causados por Suplicy "à administração e à credibilidade da Justiça, e ao patrimônio público".
Suplicy usou diplomas falsos de engenheiro da Universidade Federal do Pará, por 17 vezes, perante juízes federais, a título de comprovar habilitação que não tinha.
O MPF quer aumentar a condenação imposta pelo juiz João Carlos da Rocha Mattos, da 4ª Vara Federal, que o condenou a 3 anos de prisão, pena substituída por multa de 20 salários mínimos e por serviços à comunidade.
O MPF pede que o mandado de prisão seja expedido tão logo julgada a apelação e requer a aplicação de multa de 4.800 salários mínimos (R$ 960 mil), levando em conta a gravidade dos delitos e a situação financeira do réu.
Suplicy era proprietário de dois apartamentos (quatro vagas na garagem) em prédio na rua dos Franceses, bairro da Bela Vista (SP), adquiridos dos banqueiros Joseph e Moise Safra, em 1977.
Suplicy foi defendido pelo advogado Miguel Reale Júnior (que renunciou à causa quando assumiu o Ministério da Justiça).
Em 1997, Furnas, Cesp, Telesp, Eletropaulo e INSS informaram ao MPF os laudos feitos por Suplicy: em onze perícias sob suspeição, foram pagas indenizações de R$ 179 milhões (valor próximos dos danos com os desvios do Fórum Trabalhista de São Paulo).
Furnas tentou recuperar R$ 9 milhões, da diferença de 8.804,16% entre a indenização calculada pela estatal e por Suplicy.
O falso engenheiro chegou a superavaliar um prédio em uso pelo TRF, na rua São Francisco, no centro velho de São Paulo: o metro quadrado equivalia ao dobro do praticado pelo mercado imobiliário para a avenida Paulista.
A anulação dos processos em que Suplicy atuou, defendida pelo juiz federal Casem Mazloum, já havia sido rejeitada pelo TRF-SP.
Em dezembro de 1998, em outro julgamento, a 1ª Turma do TRF-SP voltou a rejeitar pedido de anulação das perícias dele.
"Não há por que decretar a nulidade das perícias em todos os processos onde funcionou o perito Suplicy sem qualquer demonstração de efetiva falha sua, porque tal fato, além de acarretar um volume extraordinário de serviços, traria à Justiça e às partes muito mais prejuízos que benefícios", disse o relator Roberto Haddad.


Texto Anterior: Rumo às Eleições: Garotinho se diz "surpreso" com passado de Costa Leite
Próximo Texto: Outro Lado: Advogado pede nulidade da sentença
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.