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São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2003

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REFORMAS

Doze deputados do PSDB integram grupo dissidente; 2 tucanos, 2 peemedebistas e 1 pefelista filiaram-se ao PTB

Dissidência tucana leva votos para o governo

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão do PSDB de apresentar emendas às reformas da Previdência e tributária levou um grupo de tucanos a abrir uma dissidência para apoiar as propostas do governo na Câmara. O grupo é integrado por 12 -podendo chegar a 19- dos 60 deputados da sigla cujo elo comum é o combate à atual direção partidária e uma relação próxima com o Planalto.
Alguns deles também seguem a orientação de governadores até de legendas que integram a base do governo. A dissidência tucana é o resultado mais visível da articulação palaciana para assegurar apoios às reformas na oposição e em partidos declarados independentes, seja em negociação direta com governadores, seja no mercado varejista da cooptação.
Ontem, dois deputados tucanos filiaram-se ao PTB, sigla que integra a base de sustentação política do governo. Além deles, outros dois do PMDB e um do PFL.
No caso específico do PSDB, reflete também a divisão interna do partido, cuja Executiva Nacional se reuniria ontem à noite para prorrogar o mandato de seu atual presidente, José Aníbal (SP).
Mas à tarde, após almoçar com Aníbal e o líder na Câmara, Jutahy Magalhães, o líder no Senado, Arthur Virgílio (AM), atribuiu a dissidência a uma suposta ação do ministro-chefe da Casa Civil da Presidência, José Dirceu. Virgílio disse que haveria 19 deputados tucanos dispostos a votar com o governo em qualquer circunstância. "Sei, no entanto, que três deputados do PSDB estariam vacilantes, e foi dado como certo que dois estariam negociando seu apoio em troca de um cargo em Furnas".
Segundo o deputado Osmânio Pereira (MG), que é ligado ao governador Aécio Neves (MG) e coordena a dissidência, o apoio às propostas traduz o "descontentamento" com a direção tucana, "formada por companheiros que perderam a eleição".
"Não devemos repetir a experiência anterior do PT de ser contra por ser contra. Houve um retrocesso no país", disse Pereira. "Em questões de fundo, não podemos ser contra as reformas. O PSDB tem esse compromisso com o país", disse Feu Rosa (ES), tucano ligado governador Paulo Hartung, que é do PSB. Outro líder do grupo é Salvador Zimbaldi (SP), ligado a Geraldo Alckim.

PMDB
Seguindo a estratégia de ir buscar na oposição e nos partidos independentes os votos que faltam para aprovar as reformas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se encontrar na próxima quarta-feira com as bancadas do PMDB na Câmara e no Senado.
O encontro não está confirmado, mas foi acertado por Dirceu e o presidente da sigla, Michel Temer (SP), anteontem à noite. Lula em seguida pretende conversar com as bancadas do PFL e do PSDB. Temer deve transferir para o dia 21 uma reunião da bancada do PSDB para discutir as reformas marcada para o dia 14. Quer antes ouvir o presidente.
Enquanto a negociação para o PMDB entrar formalmente no governo não chega a bom termo, deputados da sigla vão sendo aos poucos cooptados por legendas governistas. É o caso dos dois pernambucanos, Armando Monteiro e José Chaves, que ontem ingressaram no PTB.
O PFL tentará mudar as propostas de reforma do governo. A legenda quer fazer grandes modificações na reforma tributária.


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