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REFORMAS
Doze deputados do PSDB integram grupo dissidente; 2 tucanos, 2 peemedebistas e 1 pefelista filiaram-se ao PTB
Dissidência tucana leva votos para o governo
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão do PSDB de apresentar emendas às reformas da Previdência e tributária levou um grupo de tucanos a abrir uma dissidência para apoiar as propostas
do governo na Câmara. O grupo é
integrado por 12 -podendo chegar a 19- dos 60 deputados da sigla cujo elo comum é o combate à
atual direção partidária e uma relação próxima com o Planalto.
Alguns deles também seguem a
orientação de governadores até
de legendas que integram a base
do governo. A dissidência tucana
é o resultado mais visível da articulação palaciana para assegurar
apoios às reformas na oposição e
em partidos declarados independentes, seja em negociação direta
com governadores, seja no mercado varejista da cooptação.
Ontem, dois deputados tucanos
filiaram-se ao PTB, sigla que integra a base de sustentação política
do governo. Além deles, outros
dois do PMDB e um do PFL.
No caso específico do PSDB, reflete também a divisão interna do
partido, cuja Executiva Nacional
se reuniria ontem à noite para
prorrogar o mandato de seu atual
presidente, José Aníbal (SP).
Mas à tarde, após almoçar com
Aníbal e o líder na Câmara, Jutahy
Magalhães, o líder no Senado, Arthur Virgílio (AM), atribuiu a dissidência a uma suposta ação do
ministro-chefe da Casa Civil da
Presidência, José Dirceu. Virgílio
disse que haveria 19 deputados tucanos dispostos a votar com o governo em qualquer circunstância.
"Sei, no entanto, que três deputados do PSDB estariam vacilantes,
e foi dado como certo que dois estariam negociando seu apoio em
troca de um cargo em Furnas".
Segundo o deputado Osmânio
Pereira (MG), que é ligado ao governador Aécio Neves (MG) e
coordena a dissidência, o apoio às
propostas traduz o "descontentamento" com a direção tucana,
"formada por companheiros que
perderam a eleição".
"Não devemos repetir a experiência anterior do PT de ser contra por ser contra. Houve um retrocesso no país", disse Pereira.
"Em questões de fundo, não podemos ser contra as reformas. O
PSDB tem esse compromisso
com o país", disse Feu Rosa (ES),
tucano ligado governador Paulo
Hartung, que é do PSB. Outro líder do grupo é Salvador Zimbaldi
(SP), ligado a Geraldo Alckim.
PMDB
Seguindo a estratégia de ir buscar na oposição e nos partidos independentes os votos que faltam
para aprovar as reformas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se encontrar na próxima quarta-feira com as bancadas do
PMDB na Câmara e no Senado.
O encontro não está confirmado, mas foi acertado por Dirceu e
o presidente da sigla, Michel Temer (SP), anteontem à noite. Lula
em seguida pretende conversar
com as bancadas do PFL e do
PSDB. Temer deve transferir para
o dia 21 uma reunião da bancada
do PSDB para discutir as reformas marcada para o dia 14. Quer
antes ouvir o presidente.
Enquanto a negociação para o
PMDB entrar formalmente no
governo não chega a bom termo,
deputados da sigla vão sendo aos
poucos cooptados por legendas
governistas. É o caso dos dois pernambucanos, Armando Monteiro e José Chaves, que ontem ingressaram no PTB.
O PFL tentará mudar as propostas de reforma do governo. A legenda quer fazer grandes modificações na reforma tributária.
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