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NOVA DIREÇÃO
Deputado Manato, do PDT, foi indicado por Severino Cavalcanti
"Nepotista" chefia grupo antinepotismo
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Defensor da contratação de parentes para o serviço público, o
presidente da Câmara, Severino
Cavalcanti (PP-PE), atendeu pedido do PDT e indicou para presidir a comissão antinepotismo o
deputado Manato (PDT-ES), cujo
gabinete emprega a mulher de um
ex-colega, José Carlos Elias (PTB-ES), que também já contratou a
mulher de Manato em 2003.
O nome do deputado pedetista
terá que ser ratificado em votação
quando for instalada a comissão
que analisará os projetos que pretendem acabar com o nepotismo
nos três Poderes.
A prática de nepotismo cruzado
na Câmara foi revelada em março
pela Folha e incluiu até líderes de
partidos, como José Janane (PP-PR) e José Borba (PMDB-PR),
que contrataram um a mulher do
outro durante um período.
O nepotismo é o favorecimento
de parentes na esfera pública. Já o
nepotismo cruzado é um subproduto que tem o objetivo de escamotear a prática. Dois parlamentares fazem um acerto e um contrata o parente do outro. Dessa
forma, uma checagem da lista de
funcionários do gabinete não detectaria a contratação de parentes.
Manato diz ser contra todo tipo
de nepotismo e nega cabalmente
ter realizado a forma cruzada da
prática. Ele reconhece ter errado
ao ter influenciado a contratação
da mulher pelo gabinete do colega, em 2003 -diz até ter assinado
um termo de ajustamento de conduta-, mas afirma que o fato de
a mulher desse mesmo deputado
trabalhar desde janeiro em seu
gabinete no Espírito Santo não é
uma compensação. "Ela é meu elo
político com o norte do Espírito
Santo", afirma, acrescentando
que vai deixar clara essa situação
na primeira reunião da comissão,
que ainda não foi instalada.
A mulher de Manato, Soraya de
Souza Mannato, trabalhou de
março a 1º de setembro de 2003
no gabinete do ex-deputado José
Carlos Elias (PTB-ES). Seu cargo
era o de secretária parlamentar
26, o de maior remuneração nos
gabinetes. Hoje a função paga um
salário de R$ 5.175,50, mas esse
valor será reajustado em 15%.
Desde janeiro deste ano, a mulher de José Carlos Elias, Maria
Elizabeth Dadalto Elias, trabalha
para o gabinete de Manato. O cargo também é o de secretária parlamentar 26. Elias renunciou ao
cargo de deputado para assumir a
Prefeitura de Linhares (ES).
Sem concurso
Os 513 deputados federais têm
direito à contratação, sem necessidade de concurso público, de 20
assessores cada um. Para isso, cada parlamentar conta com uma
verba de gabinete que chegará a
R$ 50,8 mil mensais quando for
sancionado o reajuste de 15% do
funcionalismo do Congresso, recentemente aprovado.
A volta da discussão sobre a legitimidade da contratação de parentes para cargos públicos ocorreu devido a reportagens da
Folha que mostraram que Severino e vários deputados têm parentes empregados na Câmara. Desde 1997, 96 deputados tiveram
cônjuges contratados sem concurso público pela Casa.
No mês passado, projetos que
pretendem acabar com o nepotismo nos três Poderes foram aprovados por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça
da Câmara. O último passo antes
da votação em plenário é a definição da comissão cuja presidência
deve ir para Manato.
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