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MENSALÃO/ ARQUIVO VIVO
Relator da CPI dos Correios diz que entrevista de Silvio lança novas dúvidas sobre contratos
Para Serraglio, licitações têm de passar por "varredura"
DA REPORTAGEM LOCAL
Após investigar o esquema do
mensalão e as ligações do empresário Marcos Valério com o PT, o
deputado federal Osmar Serraglio
(PMDB-PR), responsável pelo relatório da CPI dos Correios, destaca como aspecto mais intrigante
das novas revelações do ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira o
montante da dívida do partido
em 2003: R$ 120 milhões.
"É uma informação pesada. Isso
aí compromete e muito o partido.
Como é que fizeram para liquidar
uma dívida de R$120 milhões?",
disse Serraglio à Folha. Ele concorda que o ex-secretário do PT
fornece dois novos elementos para investigações, não abordados
na CPI: a possível formação de
consórcios para fraudar licitações
federais e relações suspeitas entre
bancos e o governo.
"Nós estávamos limitados aos
Correios. Para investigar isso
[pool de empresas] precisaria,
por exemplo, de uma CPI das Licitações Federais", disse. O deputado considera que seria possível
investigar "novos núcleos de arrecadação e de tráfico de influência
junto a bancos". "Se havia conluio
entre as empresas que participavam de contratos, o que seria fundamental era uma investigação
das licitações federais a partir de
determinado volume, uma espécie de varredura", disse, citando
como exemplo grandes contratos
da Petrobras e Itaipu.
A tática usada é a de as empresas colocarem todos os preços altos -assim, é impossível detectar
superfaturamento. O lucro da
vencedora é distribuído entre as
demais. Sobre o esquema com
bancos, em que Silvio Pereira afirma que o objetivo era arrecadar
R$ 1 bilhão, Serraglio também faz
ponderações. "Supõe-se que seria
uma negociata entre bancos e governo. O que precisamos saber é
em que momento [a negociata]
foi frustrada. Porque se foi frustrada não por vontade dele [governo], cometeu-se um crime."
Essa denúncia em relação aos
bancos chegou à CPI. "Eram bancos em liquidação [Mercantil de
Pernambuco, Opportunity e Econômico], com valores altíssimos
em títulos, e eles queriam que o
governo autorizasse a liberação",
explicou Serraglio. Ele afirma que
a CPI apurou que as negociações
não se concretizaram.
Serraglio diz acreditar que Silvio
deve ser ouvido na CPI dos Bingos. Suas novas manifestações,
segundo o deputado, "podem ser
algo eleitoral" para aumentar a
culpa de Valério e eximir ex-dirigentes petistas, incluindo ele próprio.
(MALU DELGADO)
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