São Paulo, domingo, 07 de maio de 2006

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MENSALÃO/ ARQUIVO VIVO

Relator da CPI dos Correios diz que entrevista de Silvio lança novas dúvidas sobre contratos

Para Serraglio, licitações têm de passar por "varredura"

DA REPORTAGEM LOCAL

Após investigar o esquema do mensalão e as ligações do empresário Marcos Valério com o PT, o deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), responsável pelo relatório da CPI dos Correios, destaca como aspecto mais intrigante das novas revelações do ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira o montante da dívida do partido em 2003: R$ 120 milhões.
"É uma informação pesada. Isso aí compromete e muito o partido. Como é que fizeram para liquidar uma dívida de R$120 milhões?", disse Serraglio à Folha. Ele concorda que o ex-secretário do PT fornece dois novos elementos para investigações, não abordados na CPI: a possível formação de consórcios para fraudar licitações federais e relações suspeitas entre bancos e o governo.
"Nós estávamos limitados aos Correios. Para investigar isso [pool de empresas] precisaria, por exemplo, de uma CPI das Licitações Federais", disse. O deputado considera que seria possível investigar "novos núcleos de arrecadação e de tráfico de influência junto a bancos". "Se havia conluio entre as empresas que participavam de contratos, o que seria fundamental era uma investigação das licitações federais a partir de determinado volume, uma espécie de varredura", disse, citando como exemplo grandes contratos da Petrobras e Itaipu.
A tática usada é a de as empresas colocarem todos os preços altos -assim, é impossível detectar superfaturamento. O lucro da vencedora é distribuído entre as demais. Sobre o esquema com bancos, em que Silvio Pereira afirma que o objetivo era arrecadar R$ 1 bilhão, Serraglio também faz ponderações. "Supõe-se que seria uma negociata entre bancos e governo. O que precisamos saber é em que momento [a negociata] foi frustrada. Porque se foi frustrada não por vontade dele [governo], cometeu-se um crime."
Essa denúncia em relação aos bancos chegou à CPI. "Eram bancos em liquidação [Mercantil de Pernambuco, Opportunity e Econômico], com valores altíssimos em títulos, e eles queriam que o governo autorizasse a liberação", explicou Serraglio. Ele afirma que a CPI apurou que as negociações não se concretizaram.
Serraglio diz acreditar que Silvio deve ser ouvido na CPI dos Bingos. Suas novas manifestações, segundo o deputado, "podem ser algo eleitoral" para aumentar a culpa de Valério e eximir ex-dirigentes petistas, incluindo ele próprio. (MALU DELGADO)

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