|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Professor diz que foi apoiado por seus pares
DO ENVIADO A CAMBRIDGE
O professor de Harvard
Roberto Mangabeira Unger diz que seus pares o estimularam a aceitar a empreitada no Brasil.
"Estão todos querendo
que aconteça alguma coisa, querem uma alternativa. Dani Rodrik foi um dos
mais entusiasmados", disse ele, em referência ao
professor da John F. Kennedy School of Government, de Harvard, especializado em políticas econômicas e em entender
parâmetros de governos
bons e ruins.
É o centro em que o candidato derrotado do PSDB
à Presidência Geraldo
Alckmin estuda atualmente, dedicando-se às políticas públicas.
Mangabeira Unger trabalha em uma sala de cerca de 50 metros quadrados, rodeada de estantes
com cerca de mil livros.
Escreve em pé -no computador ou a mão- em um
móvel que ele próprio desenhou e foi construído
pelo designer Charles
Webb, que hoje oferece
peças iguais a escritores
em anúncios na revista
"The New Yorker".
Da janela da sala de
Mangabeira, vê-se o campus arborizado e gramado,
com pássaros cantando e
esquilos às dezenas. Os
alunos têm acesso direto
às salas dos professores.
Mangabeira Unger passa metade do ano escrevendo, estudando e proferindo palestras. Na outra
metade, monta cursos
abertos a graduandos e
mestrandos - no atual
ano letivo há seis brasileiros entre 210 estudantes.
Nos cursos mais recentes, ministrou com o economista Jeffrey Sachs
(Columbia) seminário sobre alternativas econômicas à globalização; com o
cientista social Robert D.
Putnam (Harvard, que já
prestou serviços às gestões dos presidentes Clinton e Bush) debateu a democracia americana; e
com o psicólogo Steven
Pinker (Harvard, especialista em linguagem e cognição) discutiu "a natureza humana".
Entre os alunos de Mangabeira Unger figurou Barack Obama, senador democrata por Illinois e que
disputa as primárias na
tentativa de ser o candidato do partido à Presidência."Se vencer, pode ter
outro olhar para o Brasil,
porque é enormemente
interessado nas coisas da
América Latina", afirma.
Ao ser questionado se
seria possível reproduzir
em alguma universidade
pública brasileira a forma
de atuação acadêmica que
tem em Harvard saiu-se
com esta: "As instituições
políticas, econômicas e
educacionais no Brasil são
de uma rigidez mortífera".
As duas obras acadêmicas de Mangabeira Unger
mais recentes são a filosófica "The Self Awakened
-Pragmatism Unbound"
(Harvard University
Press, 2007) e a política
"What Should the Left
Propose" (Verso, 2006).
Na primeira, aponta que
preconceito e ilusões impedem impulsos experimentalistas e propõe a radicalização do pragmatismo para descoberta do potencial individual da vida.
Na segunda, elenca o
que deveria ser a agenda
da esquerda atualmente
em sua opinião. Esse livro
está sendo traduzido para
o português, em que receberá o título equivalente
literal: "O Que Deve Propor a Esquerda?".
Deixará os quatro filhos
e a mulher na casa de dois
andares em que vive em
Cambridge -vizinha a
uma em que morou o poeta Robert Frost- para voltar a viver Brasília.
(PF)
Texto Anterior: Entrevista da 2ª - Roberto Mangabeira Unger: Não sou museu, estou vivo; posso rever minhas idéias Próximo Texto: Frase Índice
|