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BNDES passa por auditoria para checar suspeitas
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) passa por auditorias
interna e externa para verificar
as operações de financiamento
sob suspeita na operação Santa
Tereza, da Polícia Federal.
A auditoria interna foi criada
com um grupo de técnicos do
banco, que até agora não constataram irregularidades em
procedimentos referentes a
prazos, documentação e normas internas nos empréstimos
para a prefeitura de Praia Grande, no litoral paulista, e para a
rede de lojas Marisa. Os dois financiamentos estão sendo investigados pela PF.
Na última segunda-feira, a
procuradora da República
Adriana Scordamaglia não descartou a hipótese de participação de funcionários do banco
no esquema de desvio de recursos de parte dos empréstimos
para prefeituras e empresas.
Além de Praia Grande, outras
dez prefeituras estão sendo investigadas.
Funcionários e ex-dirigentes
do BNDES ouvidos pela Folha
afirmam que operações de desvios de empréstimos desse porte requerem a conivência de
funcionários, dado o número
de filtros nas operações e de
pessoas envolvidas na aprovação de um empréstimo.
De acordo com o BNDES,
mais de 30 funcionários, entre
técnicos, área jurídica e diretores, tiveram acesso ao pedido
de financiamento de R$ 124
milhões de Praia Grande, que
faz parte do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
O empréstimo era destinado
a obras de infra-estrutura e a liberação de recursos foi suspensa temporariamente, segundo
o banco, por precaução.
A primeira etapa de um pedido de financiamento é a apresentação de uma carta-consulta. Depois, o pedido vai para
um comitê de enquadramento,
no departamento de Prioridades, que faz uma primeira análise do mérito do projeto.
Em seguida, vai para um colegiado chamado comitê de
crédito, que dá o primeiro aval
para a operação. A partir daí segue para a área operacional,
que analisa garantias, viabilidade econômica e financeira, capacidade de pagamento e idoneidade do tomador.
Finalmente é submetido à
aprovação da diretoria em decisão colegiada. Após a aprovação, o banco acompanha a obra
e libera o dinheiro em parcelas.
No caso do empréstimo para
Praia Grande, a área responsável é a de Inclusão Social, dirigida pelo petista Elvio Gaspar.
Ele foi o responsável por apresentar o projeto de financiamento e defender sua aprovação na reunião de diretoria do
banco. É por meio de decisão
colegiada que se chega à palavra final sobre os empréstimos
no BNDES.
Por e-mail, Gaspar, disse que
os técnicos do banco não constataram irregularidades durante a análise do pedido de financiamento para Praia Grande.
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