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Ex-dirigentes dizem que PDT cobrou para oferecer legenda
Procurado, Paulinho não respondeu à reportagem; assessor disse que ele não iria falar
Acusação é que políticos ligados ao deputado estadual Geraldo Vinholi estão sendo destituídos dos comandos regionais do partido em SP
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A cúpula do PDT paulista
vem destituindo de forma sistemática vários políticos ligados ao deputado estadual Geraldo Vinholi (PDT-SP) dos comandos regionais do partido.
Alguns dos afastados estão no
PDT há quase 30 anos.
As destituições, diz Vinholi,
atingiram cerca de 40 comissões provisórias do PDT no Estado e a legenda acabou sendo
negociada com outros políticos
mediante pagamentos a pessoas ligadas ao presidente do
partido em São Paulo, o deputado federal Paulo Pereira da
Silva, o Paulinho.
João Farias, ex-integrante do
PDT em Araraquara, diz em documento enviado à secretaria
geral da sigla que lidava com
"verdadeiros batedores de carteira", que exigiam dinheiro para que ele e outros políticos locais permanecessem à frente
do partido. Ele cita especificamente Cristóvão da Silveira, ligado ao PDT, como o "encarregado de finanças" que apresentou uma conta "ilegítima" de
R$ 72 mil que teria de ser paga
para que pudesse continuar à
frente da legenda na cidade.
Localizado por meio do gabinete de Paulinho em Brasília,
Silveira disse que não poderia
falar sobre o assunto e que não
havia advogados do PDT disponíveis para fazê-lo.
Além de Silveira, políticos do
interior apontam José Gaspar,
vice-presidente estadual do
PDT, como um dos responsáveis pelas negociações em torno do comando do partido.
"Fui convidado pelo presidente do PDT de Araraquara
para ingressar no partido. Uma
semana depois, foi extinta a comissão estadual e apresentaram essa conta de R$ 72 mil para que ela continuasse funcionando", diz Farias.
Segundo ele, "uma das alternativas que sugeriram para levantar os recursos era negociar
com um possível candidato a
prefeito em Araraquara o pagamento desse valor por conta do
tempo de TV do PDT".
Valter Bitencourt, ex-dirigente do PDT em Olímpia por
11 anos, diz que algo semelhante ocorreu na sua cidade. "Outras pessoas de fora do partido
pagaram o que a cúpula dizia
ser uma dívida pendente e ainda deram outro valor, que desconheço, para ficar com o comando", afirma.
Áureo Souza, membro do
PDT em Ibitinga desde 1978,
afirma que o grupo de Silveira e
Gaspar exigiu dele R$ 17 mil
para que pudesse comandar o
partido na cidade. "Depois,
aceitaram parcelar em
R$ 8.000 e R$ 9.000. Me senti
chantageado, pois diziam que
tinha gente com dinheiro interessada", afirmou Souza, que
desistiu do assunto em seguida.
Geraldo Vinholi, que também foi retirado da secretaria
estadual do partido recentemente, é o pivô de um "complô" do grupo de Paulinho, segundo a Polícia Federal, para
desestabilizá-lo.
A mesma ação visava o prefeito de São Paulo, Gilberto
Kassab (DEM), que mantinha
Vinholi à frente da secretaria
do Trabalho paulistana até
pouco mais de um mês.
Vinholi atribui a ofensiva de
Paulinho à sua resistência, na
secretaria do Trabalho, a entregar para um sindicato ligado à
Força Sindical de Paulinho (a
CNTM) dois centros de treinamento de mão-de-obra.
Na primeira proposta da
CNTM, o custo por recolocação de trabalhadores nesses
centros sairia pelo dobro do
gasto pelo Estado de São Paulo
para fazer o mesmo serviço.
A Folha tentou falar com
Paulinho desde anteontem. Na
maior parte do tempo, o celular
estava desligado e com a caixa
postal cheia. Nas duas vezes
que um assessor atendeu, a informação foi a de que o deputado não poderia falar.
No celular de Gaspar, o telefone era atendido e desligado a
cada tentativa.
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