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Depoimento de secretário não está em inquérito
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal em São
Paulo não incluiu no inquérito
sobre um suposto integrante da
máfia chinesa o depoimento de
Romeu Tuma Jr., secretário
nacional de Justiça do ministério homônimo. A ausência dessa peça pode, em tese, significar
supressão de prova.
Na investigação, a PF diz ter
encontrado indícios de que Tuma Jr. dava proteção a um aparente membro desse grupo, o
chinês naturalizado brasileiro
Li Kwok Kwen, conhecido como Paulo Li. No depoimento,
Tuma Jr, confirma que é amigo
de Li, mas afirma desconhecer
os negócios dele.
O chinês está preso desde setembro do ano passado sob
acusação de importar ilegalmente telefones celulares para
o Brasil. Em outro inquérito, é
acusado de cobrar para regularizar a situação de chineses ilegais no país. Para a PF, Li contaria com o apoio de Tuma Jr.
para obter a regularização.
O procurador da República
que atua no caso das importações irregulares, Marcos José
Gomes Corrêa, diz que não denunciou Tuma Jr. nesse inquérito por considerar que não havia provas contra ele.
"Fiquei abismado. Não sei o
que fizeram com o depoimento", disse Tuma Jr. ao ser informado pela Folha de que o depoimento não fazia parte do inquérito. Ele afirmou acreditar
que essa ausência pode significar supressão de provas.
Tuma Jr. prestou o depoimento em setembro do ano
passado, num sábado, dias depois da prisão de Li, um instrutor de kung fu que é ligado à família Tuma desde os anos 90.
Foi à Superintendência da PF
em São Paulo sem advogado.
Confirmou que Li foi seu assessor parlamentar quando era
deputado estadual pelo PMDB,
entre 2003 e 2006. Negou que
ele tenha sido seu assessor no
Ministério da Justiça, como está estampado num cartão de visitas apreendido pela PF na
academia de kung fu de Li, na
Liberdade, em São Paulo.
O secretário nacional de Justiça diz ter ido espontaneamente à PF porque temia a exploração política da prisão do
amigo.
Outro lado
A assessoria de comunicação
da PF em São Paulo diz que a
decisão de não juntar o depoimento ao inquérito foi técnica,
sem intenções de proteger ou
prejudicar Tuma Jr.
De acordo com a assessoria, o
delegado Rodrigo Campos Costa julgou que o depoimento de
Tuma Jr. não tinha relação com
a investigação sobre a importação de celulares.
Em relatório de setembro do
ano passado, o policial sugeriu
que fosse aberto um inquérito
específico para tratar da relação de Tuma Jr. com Li. Sete
meses depois dessa sugestão,
não foi aberto esse inquérito.
A PF diz que não fez um interrogatório com Tuma Jr., só
tomou um depoimento espontâneo, peça em que o suspeito
pode dizer o que lhe convier.
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