São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Cúpula tucana interveio no diretório "rebelde" do Acre e ameaça fazer o mesmo em Santa Catarina

PSDB e PMDB fazem "arrastão" para assegurar aliança

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de assegurar que já dispõem da maioria necessária para a homologação da aliança eleitoral entre as duas siglas, a cúpula do PSDB, do PMDB e o Planalto desencadearam nas últimas horas uma "operação arrastão" para evitar qualquer risco de derrota na convenção peemedebista marcada para o próximo dia 15.
Cobrado a fazer sua parte pelo PMDB, o PSDB passou a jogar duro com os diretórios regionais tucanos renitentes ao entendimento com os peemedebistas.
Ontem, o presidente da sigla, deputado José Aníbal (SP), interveio no diretório do partido no Acre, cuja maioria preferia se manter aliada localmente ao governo do PT.
O PSDB deve intervir também na seção de Santa Catarina, caso até segunda-feira da próxima semana os tucanos do Estado não se acertem com o candidato do PMDB ao governo estadual, Luiz Henrique.
A perspectiva é a de uma coligação no Estado, o que garantiria todos os 39 votos dos delegados peemedebistas à chapa de José Serra e Rita Camata.
A ofensiva do PSDB tem o aval do presidente Fernando Henrique Cardoso e do pré-candidato tucano à Presidência da República, José Serra.
PSDB e PMDB já descartaram a hipótese de contar com os votos de todos os delegados peemedebistas de São Paulo, mas contam com o apoio de Orestes Quércia a Serra depois que a coligação for aprovada.

Quércia
Em conversa com Michel Temer, presidente do PMDB, Quércia disse que seus delegados (ele controla 49% dos votos dos convencionais de São Paulo) votarão contra a aliança.
Mas prometeu apoiar Serra no caso de a coligação ser aprovada na convenção.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, que em oito anos de governo aprendeu todos os caminhos e trilhas que levam aos diversos núcleos de decisão do PMDB, também entrou em campo. Ele passou a Aníbal, por exemplo, o nome de governadores que detêm influência decisiva sobre votos peemedebistas de Estados diferentes.
No jogo duro imposto pelo PSDB, Aníbal determinou que os tucanos do Piauí não criem qualquer tipo de dificuldade que possa levar os delegados do PMDB daquele Estado a votar contra a aliança.
Na Paraíba, o senador Ney Suassuna se deu por satisfeito com o convite, "recusado", para voltar ao ministério e prometeu o voto de seus delegados à coligação entre as duas siglas.
No Rio Grande do Sul, o PSDB avançou na negociação para compor uma chapa com o deputado Germano Rigotto (PMDB) para o governo. Em Mato Grosso, o senador Carlos Bezerra desistiu de compor com os tucanos na eleição estadual, mas liberou os votos de seus delegados.

Ambiente favorável
Como as convenções estaduais serão realizadas depois das nacionais (FHC confirmou ontem que irá à do PSDB, também no dia 15), PSDB e PMDB supõem que será criado um ambiente mais favorável para a solução das situações estaduais mais difíceis, como as de São Paulo e Minas.
Em São Paulo, Aníbal assegura que não será obstáculo a um entendimento.
Ou seja, ele poderia abrir mão de disputar uma vaga no Senado para acomodar na chapa um nome do PMDB. Mas setores tucanos não aceitam que esse nome seja Quércia.
Aníbal pode ser o candidato a vice na chapa à reeleição de Geraldo Alckmin para o governo do Estado. O PSDB não abre mão do cargo, reivindicado pelo PFL: quer estar no comando do maior Estado do país, se Alckmin ganhar, quando ele deixar o governo para disputar a eleição de 2006, provavelmente para o Senado.
Em Minas, só há duas certezas, segundo o PSDB: a sigla não se coligará com o vice-governador Newton Cardoso, provável candidato do PMDB, e terá candidato ao governo para dar palanque para José Serra.



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