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PIRATARIA/OUTRO LADO
Aline Corrêa Andrade afirma que nem foi procurada pela comissão nem tem nenhum processo
Filha de deputado diz que CPI é injusta
DO ENVIADO ESPECIAL AO RECIFE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Procurado pela Folha desde o
último dia 28, o deputado federal
Pedro Corrêa (PP-PE) se recusou
a receber a reportagem para falar
a respeito do relatório da CPI da
Pirataria entregue ao Congresso
com denúncias de suposto envolvimento do parlamentar com
uma organização criminosa.
A filha de Corrêa, Aline Lemos
Corrêa de Oliveira Andrade, e o
advogado de José Antonio Neuwald e de Aline, Fernando Jacob
Filho, negaram todas as acusações. "Eu acho injustas essas acusações demais. Se eu sou filha de
político e meu marido é empresário, não posso ser mentora de
uma organização criminal", disse.
Jacob disse que sua cliente foi
"vítima de um estelionato" após
ter entrado numa sociedade empresarial com o filho do empresário Ari Natalino, Herick da Silva.
"Usaram uma assinatura falsa
dela para levar um contrato que
ela havia feito e estava aguardando a autorização [de uma concessionária de veículos] para levar a
registro na Junta Comercial."
"Ela teve muito prejuízo porque
protestaram títulos dela, há reclamações trabalhistas contra ela.
Então ela entrou com uma ação
para declarar rescindido o negócio", disse o advogado.
Segundo Aline, ela conheceu
Herick "em reuniões" e ele aparentava ser um empresário bem-sucedido, por possuir "350 postos
de gasolina, dois aviões, helicóptero", contra o qual, entre 1999 e
2000, não existiriam suspeitas.
Nem o advogado nem Aline
acusaram Herick de ser o autor da
suposta irregularidade. "A polícia
é que vai apurar."
"Eu não tenho nada [contra
mim], nenhum processo. As coisas que eu tenho, procuro resolver
da melhor forma", afirmou Aline.
Ela ironizou a acusação de que é
"mentora" do grupo. "Olhe pra
mim e veja se eu tenho condição."
"Eu não conheço esse relatório,
não fui chamada [a dar explicações], não fui citada. Não posso
nem lhe dizer sobre CPI da Pirataria", disse a empresária. Ela contou ter sido contatada, junto com
Neuwald, por outra CPI, a do
Roubo de Cargas, para dar explicações sobre seus negócios com o
empresário Ari Natalino.
O advogado disse que Neuwald
já esclareceu à polícia seus relacionamentos comerciais com Natalino e negou qualquer irregularidade. "Isso [o resultado da CPI do
Roubo de Cargas] veio para a polícia. Quando o José Antonio foi
lá, esclareceu os fatos, mostrando
documentos, atas de reuniões de
empresas das quais ele teria saído
antes de acontecerem fatos mencionados lá e sobre os quais fizeram certas confusões, isso esclareceu. Eles não foram chamados para nada, acabou", disse Jacob.
O advogado informou que uma
apreensão de cigarros da empresa
Cibrasa foi "bem posterior ao dia
em que ele deixou a presidência"
da empresa. "Na época dele não
houve nenhuma irregularidade."
"A primeira vez que fui com José Antonio [dar explicações] foi
na Polícia Federal, em agosto do
ano passado. Nunca mais foi chamado", disse. Neuwald, segundo
Jacob, gostaria de dar falar sobre o
assunto, mas viajava a trabalho.
Aline disse que muitas vezes entrou em sociedades de empresas
com Neuwald, mas era ele sempre
o responsável pela administração.
"Ela é sócia, mas não tem ingerência nem administração, ele
[Neuwald] é que faz tudo", resumiu o advogado Fernando Jacob.
Deputado e ANP
A Folha tentou o primeiro contato com o deputado Pedro Corrêa em 28 de maio, às 10h30. A
chamada foi atendida pela mulher do deputado, Maria Adélia.
Ela informou à reportagem que o
marido dera "uma saída". A reportagem deixou um recado.
A resposta ao recado foi dada
pela assessora de imprensa do deputado, Lúcia Moreira, às 11h. Informada sobre o teor da reportagem, ela disse que tentaria localizá-lo. Às 12h, a assessora ligou para a Folha e disse que Corrêa se
encontrava em viagem ao interior
de Pernambuco, o que tornava
impossível encontrá-lo.
Na última quarta-feira, a Folha
tentou novamente falar com o deputado. A primeira chamada foi
atendida por uma assessora, que
informou ser impossível falar
com Corrêa, pois estaria em uma
reunião. Nova tentativa: ele também não poderia falar porque estaria em um almoço. A Folha
acionou, então, a assessora de imprensa. Lúcia Moreira informou
que Corrêa não concederia entrevista. A reportagem pediu que a
negativa fosse formalizada por
fax, o que não aconteceu até o fechamento desta edição.
A empresa Power Química não
conseguiu da ANP autorização
para atuar na comercialização de
solventes. O pedido de registro foi
encaminhado à ANP em maio de
2002 e indeferido em fevereiro de
2003. Havia irregularidades na
documentação -entre outras, a
empresa forneceu à agência um
outro CNPJ (cadastro de pessoa
jurídica) que não o seu.
O embaixador Sebastião do Rego Barros não concedeu entrevista à Folha, quando a assessoria de
imprensa foi acionada pela reportagem, no dia 27 de maio. O assessor de imprensa Luiz Fernando
Manso disse que "o embaixador
nunca recebeu nenhum pedido
do deputado Pedro Corrêa para
interceder a favor da empresa Power Química". Ressalvou, no entanto, não ter condições de afirmar se Rego Barros foi procurado
pelo deputado para tratar de outros assuntos.
(RV e AM)
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