São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OPERAÇÃO VAMPIRO

"Pedi as investigações, e o esquema só está sendo desmantelado porque nós iniciamos tudo", diz Humberto Costa

"Não me afastarei", diz ministro da Saúde

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

O ministro da Saúde, Humberto Costa, afirmou ontem, em Recife, que não sairá do governo durante as investigações sobre o suposto desvio de recursos e corrupção no ministério. "Fiz as denúncias, pedi as investigações administrativa e policial, e o esquema só está sendo desmantelado porque nós iniciamos tudo", disse. "Não me afastarei de forma alguma."
Alvo de pressões devido à suspeita de envolvimento de assessores próximos nas fraudes, Costa foi homenageado ontem com um almoço em uma churrascaria-rodízio, na zona sul da cidade.
No evento, ele disse que "nenhum governo é imune à corrupção" e criticou indiretamente as gestões anteriores pela suposta indiferença em relação ao esquema de fraudes nas licitações da Saúde, criado há cerca de dez anos, segundo a Polícia Federal.
"O que faz a diferença entre os que têm compromisso e os que não têm é que um ignora e, muitas vezes, dificulta as investigações, enquanto o outro faz como o presidente Lula fez: determina que se faça [a investigação], atinja quem atingir", declarou.
O ministro confirmou que o rastreamento policial atingirá os últimos anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, quando o Ministério da Saúde foi comandado por José Serra, pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, e por Barjas Negri.
Ele disse também que, em breve, novas licitações serão abertas para aquisição de hemoderivados, mas que não haverá como impedir a participação dos laboratórios suspeitos, porque as investigações não acabaram.

Futebol e vaia
No almoço, custeado por cerca de 500 pessoas que pagaram R$ 20 para participar do evento, Costa foi cumprimentado por políticos da base aliada, entre eles o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos (PSB).
A entrada da churrascaria e o salão reservado para a festa foram decorados com balões vermelhos e brancos, as cores do PT. Faixas com frases de apoio, como "continue firme na caça aos vampiros", foram estendidas na rua.
Costa só foi vaiado quando vestiu a camisa do Náutico, colocou no peito a faixa de campeão estadual de futebol de 2004 e entoou o grito de guerra do clube ao lado de três jogadores do time, responsáveis pela homenagem.
No almoço, Eduardo Campos, que é neto do presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, confirmou a pré-candidatura da deputada federal Luiza Erundina à Prefeitura de São Paulo. "Alguém duvida disso?", perguntou. "O PSB tem vida própria e terá candidatos em 18 capitais", declarou.
O presidente nacional do PP, Pedro Corrêa, esteve no ato de desagravo ao ministro da Saúde, Humberto Costa, realizado ontem em uma churrascaria em Recife.
Corrêa circulou entre as mesas e cumprimentou várias pessoas enquanto o ministro discursava num pequeno palco. Ele não chegou a cumprimentar Costa, que estava cercado por repórteres: parou a cerca de cinco metros dele e depois voltou.
Corrêa não almoçou no local. Ficou poucos minutos no restaurante, entregou a comanda de controle de gastos na portaria e saiu. No período em que esteve na churrascaria, ouviu parte do discurso de Costa. O ministro agradeceu a todos e disse que via o desagravo não apenas como um ato de apoio, mas de cobrança. "Entendo que é um ato de apoio para levar às últimas conseqüências a investigação, e de cobrança da sociedade pelo dinheiro público", disse. (FG)


Texto Anterior: Relator diz que ainda não sabe se comissão vai denunciar políticos
Próximo Texto: Acusado decide se entregar à Polícia Federal
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.