São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2004

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Psiquiatra evita encontrar quem será perfilado

DA REPORTAGEM LOCAL

De todos os líderes que perfilou até hoje, Jerrold M. Post só se encontrou com um: Iasser Arafat. Achou a aparência do líder palestino "terrível", mas mudou de idéia assim que ele se levantou e começou a falar. "Ele então se revela um homem poderoso, e você percebe de onde vem seu carisma."
Foi uma exceção. "Prefiro não conhecer pessoalmente o líder de quem farei o perfil", disse ele à Folha. Por quê? "Muitos deles têm um charme irresistível, e este charme pessoal pode atrapalhar o julgamento que farei dele." Oportunidades não faltaram, especialmente no caso de Saddam Hussein.
O ex-ditador iraquiano encontra-se sob custódia do governo norte-americano, e não seria impossível ao doutor Post ter acesso a ele. Mas o psiquiatra não pretende mudar o método que vem usando há algumas décadas.
Que começa como uma boa reportagem, o projeto de um livro ou uma tese acadêmica: com muita pesquisa. "Procuro ler tudo o que de mais relevante, vindo das fontes mais confiáveis ou importantes, já foi escrito sobre uma pessoa", diz ele. "Basicamente, material público, que eu analiso sob a perspectiva psicológica."
Só de biografias de Saddam Hussein, Post leu oito. "Fui da mais parcial negativamente à mais parcial positivamente, e é impressionante como elas se parecem entre si psicologicamente."
Depois, leu os discursos que o ex-ditador proferiu num intervalo de 12 anos. O passo final é entrevistar o maior número possível de pessoas. "Aqui, procuro ser o mais abrangente possível em relação ao ponto de vista dos ouvidos." (SD)


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