São Paulo, quinta-feira, 07 de junho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Fora do script

O dia foi amargo para Renan Calheiros (PMDB-AL). Não bastasse o advogado de Mônica Veloso contradizer o lobista-amigo Cláudio Gontijo, o Conselho de Ética fugiu ao roteiro desejado pelo presidente do Senado. Ele dava como certa a escolha de Romeu Tuma (DEM-SP) para relatar, em rito sumário, a representação do PSOL. O arquivamento seria quase imediato, sem novos depoimentos nem cotejamento de provas.
Mas o líder do DEM, José Agripino (RN), emparedou Tuma, alegando que o arranjo exporia a imagem da Casa além do aceitável. A escolha de Epitácio Cafeteira (PTB-MA) nada tem de perigosa, mas o fato de o processo ficar aberto por mais tempo, sujeito às intempéries do noticiário, inquieta a tropa de Renan.

Onde pega. Um senador que analisou a documentação encaminhada por Renan resume: há ali evidências de que o presidente da Casa tinha condições de arcar com a pensão para a mãe de sua filha, mas não de que tenha efetivamente pago. Mesmo assim, o Conselho de Ética está louco para se dar por satisfeito.

Veja bem. O primeiro embate no conselho será sobre o estágio da investigação. Para os renanzistas, ainda não há processo de cassação instalado. Já Demóstenes Torres (DEM-GO) é taxativo: "No caso de representação de partido não há apuração preliminar. Agora, por exemplo, ele já não poderia renunciar".

Tranqüilis. O ministro da Justiça, Tarso Genro, passou os últimos dois dias tentando convencer a mídia e colegas de governo de que a situação na Polícia Federal não fugiu de seu controle, a despeito das evidências em contrário.

Sem trégua. De um aliado do governo, sobre a ininterrupta seqüência de operações policiais: "Enquanto não resolverem a sucessão na PF, vai ser um tiro por semana".

Escravos de Jó. Na campanha de 1994 para o governo de São Paulo, Dario Morelli Filho, agora preso na Operação Xeque-Mate, foi o braço direito do candidato José Dirceu. Mais tarde, com Dario transferido para a órbita de Lula, a sombra de Dirceu passou a ser Roberto Marques, o Bob, que viria a ganhar fama no escândalo do mensalão.

Companheiros. Condenado por homicídio no caso da favela Naval, em Diadema, Otávio Gambra, o Rambo, trabalhou na empresa de segurança do compadre de Lula, que prestou serviços a órgãos da prefeitura e ao PT local.

Faroeste. Um dos estopins da Operação Xeque-Mate foi a guerra entre os empresários Jamil Name e Nilton Cézar Servo pelo controle do jogo em Mato Grosso do Sul. O primeiro, que não teve prisão pedida, mas depôs ontem, é chamado de "intocável" por suas relações no Executivo e no Judiciário no Estado.

Laço. Na Assembléia sul-matogrossense reina a apreensão. Presidente da Casa, Jerson Domingos (PMDB) é muito próximo de Name.

Azedou 1. A escolha dos vices do Banco do Brasil deixou o PT em pé-de-guerra, já que um indicação foi feita pelo presidente do partido, Ricardo Berzoini, sem que outros parlamentares ligados ao setor fossem ouvidos. Três das vagas ficaram com o PMDB e uma, na conta da Febraban.

Azedou 2. Geraldo Magela (DF) acusou o golpe por ter ficado de fora. "É mais uma vitória do Campo Majoritário e dos paulistas, o que mostra que as crises não ensinaram nada", afirmou o deputado, da corrente Movimento PT.

Improviso. Questionado ontem sobre a suspensão pela Justiça da verba indenizatória dos parlamentares, o deputado Domingos Dutra (PT-MA) saiu-se com esta: "Não é possível ir para o Estado de jegue nem enviar correspondências do gabinete por urubu ou pombo-correio".

Tiroteio

"Dario é uma espécie de híbrido do compadre Roberto Teixeira com o segurança Freud Godoy".


Do líder do PSDB na Câmara, ANTONIO CARLOS PANNUNZIO, sobre o compadre do presidente Lula e ex-segurança de campanhas petistas Dario Morelli Filho, indiciado pela Polícia Federal na Operação Xeque-Mate sob acusação de corrupção ativa e formação de quadrilha.

Contraponto

Proteção ao consumidor

Deputados que integram a CPI do Apagão Aéreo aproveitaram o depoimento do presidente da Gol, Constantino Júnior, para reclamar dos serviços prestados pela empresa. Vic Pires (DEM-PA) se insurgiu especialmente contra a barra de cereal servida nos vôos.
-Vocês deveriam oferecer outras coisas. O cupuaçu, lá do meu Estado, é muito bom!-, disse ele, que também apontou falhas na compra de passagens pela internet.
-O namorado da minha filha virou a noite tentando comprar o bilhete e não conseguiu. Só de vingança, comprei para ele uma passagem da TAM!
-Vingança contra o rapaz!-, atalhou o executivo.


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