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Secretário de Yeda admite o uso de estatais em campanha no RS
Declaração foi gravada por vice-governador sem o conhecimento de Busatto
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Um dos principais auxiliares
da governadora do Rio Grande
do Sul, Yeda Crusius (PSDB), o
chefe da Casa Civil, César Busatto (PPS), admitiu o uso de
estatais do governo gaúcho para financiar campanhas eleitorais. A afirmação foi feita durante uma conversa mantida
com o vice-governador Paulo
Feijó (DEM) no último dia 26.
Sem que Busatto soubesse, o
vice-governador, que é adversário político de Yeda, gravou o
diálogo e ontem entregou uma
cópia à CPI que investiga o desvio de R$ 44 milhões do Detran
(Departamento Estadual de
Trânsito) gaúcho.
Em um dos trechos do diálogo, Busatto diz que o governo
"acaba tendo que fazer concessões importantes aos partidos
aliados, os partidos grandes do
Estado". Em seguida, mencionou o Banrisul e o Detran como
cotas do PMDB e do PP.
"Então não podemos deixar
eles de fora. Não tenho dúvidas
de que o Detran é uma grande
fonte de financiamento", diz
em trecho da gravação ouvida
na sala de reuniões da CPI e depois transcrita por assessores
da comissão.
No início da noite, Busatto
chamou o vice-governador de
"golpista" e disse que o uso dos
recursos para campanhas não
provinha das estatais, mas dos
cargos comissionados (não
concursados) ocupados por militantes partidários.
"Os cargos de confiança são,
sim, financiamento de campanha, cada CC [cargo em comissão] tem que pagar 10%, 20%",
disse. "Quem falou em desvio
não fui eu, foi o vice-governador", disse Busatto.
Feijó não foi localizado pela
Folha para comentar a gravação da conversa. A assessoria da
governadora disse que ela não
falaria sobre o caso.
As declarações agravaram a
crise política por que passa o
governo tucano. Juntos, PMDB
e PP têm 18 deputados e são
maioria na base de sustentação
de Yeda. Há fortes pressões da
Assembléia pela demissão do
secretário. Em nota, o PMDB
disse que pretende interpelar
judicialmente o chefe da Casa
Civil e o vice-governador "para
que digam por quem, quando e
quanto foi recebido em nome
do PMDB, e quem do Banrisul
pagou". O presidente do PP, Jerônimo Goergen, cobrou uma
manifestação da governadora.
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