São Paulo, domingo, 07 de julho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Ex-presidente concorre ao governo de AL

Dez anos depois, Collor volta com bordões da campanha de 89

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Foram oito anos de inelegibilidade e mais alguns meses de "recolhimento". Agora, acabou. Fernando Collor de Mello, o presidente que renunciou para não sofrer impeachment, está de volta às disputas eleitorais. E traz a reboque antigos correligionários da "República das Alagoas" e conhecidas "marcas", como o bordão "minha gente" e as duas letras ele em verde e amarelo.
O ex-presidente, aos 52 anos, disputa pelo desconhecido PRTB o cargo de governador de Alagoas, posto que ocupou entre 1987 e 1989. "Tenho confiança, minha gente, de que voltaremos a estar juntos, trabalhando em conjunto e sempre com aquela vontade e o desejo de servir a Alagoas e aos alagoanos", disse, ao gravar a primeira entrevista após ser homologado candidato, no dia 30.
Na entrevista, concedida quinta-feira ao programa de TV "Cartas na Mesa" -entre os de maior audiência em Maceió-, Collor pediu "desculpas" aos alagoanos: "Espero hoje ser uma pessoa melhor, alguém com mais humildade, mais consciência e muito mais experiência, sem muito voluntarismo e sem achar que pode mudar o mundo da noite para o dia".
Collor chegou à Presidência após derrotar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno em 89. Em 92, deixou o governo acusado de acobertar esquema de corrupção comandado pelo ex-caixa de campanha Paulo César Farias, morto em 96. Em 94, o Supremo Tribunal Federal o absolveu da acusação de corrupção passiva por 5 votos a 3.
Procurado pela Agência Folha, o ex-presidente não quis dar entrevista. A candidatura ao governo de Alagoas, que tem 1,4% do eleitorado nacional, é a volta de Collor às urnas depois que o Senado o declarou inelegível, na madrugada de 30 de dezembro de 92. Em 98, tentou se candidatar à Presidência e, em 2000, à Prefeitura de São Paulo. Nas duas, foi barrado pela Justiça Eleitoral.
Em dezembro de 2000, comemorou o fim da punição do Senado com um grande churrasco em Maceió, em que lançou seu nome a senador. Mas teve que mudar de idéia, já que seu grupo político avaliava não haver outro nome para enfrentar o governador Ronaldo Lessa (PSB), que tem o apoio informal de PSDB e PMDB.
Entenda-se por "seu grupo político" um vasto conjunto de pessoas da antiga "República das Alagoas ", o grupo que ele levou ao poder em Brasília. Nos dois últimos eventos do PRTB, a inauguração do comitê provisório de campanha e a convenção partidária, eles foram vistos aos montes.
O seu ex-secretário particular, Cláudio Vieira, apareceu nos dois. Ele tem, atualmente, uma banca de advocacia em Maceió. O ex-deputado federal e aliado Cleto Falcão (PT do B), candidato à Câmara, também compareceu.
Para Lessa, a candidatura do ex-presidente significa "a volta de Lúcifer para Alagoas ".



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