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"Fui massacrado pela imprensa"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dizendo-se "massacrado e julgado" pela mídia, o publicitário
Marcos Valério de Souza fez ironias e ataques à imprensa e aos
meios de comunicação, em uma
tentativa de desmistificar a imagem construída em torno dele de
peça-chave do suposto esquema
de corrupção no governo.
Valério criticou várias vezes a
divulgação de relatório do Coaf
que mostra saques, em espécie, de
R$ 20,9 milhões feitos das contas
das empresas as quais é sócio, entre julho de 2003 e maio de 2005.
Como o documento é sigiloso, ele
disse que foi "ilícita" a publicação.
Logo na abertura de seu depoimento, Valério tentou desconstruir sua imagem de suposto operador do "mensalão". "Fui massacrado e julgado pela mídia, que
tem todo o direito, dentro da liberdade democrática do país",
disse ele, classificando-se como
"um brasileiro normal".
O publicitário negou que tenha
sido beneficiado em licitações nos
Correios e disse não ser possível
superfaturar contratos, devido à
fiscalização existente.
Marcos Valério afirmou ter faturado R$ 28 milhões na empresa
desde 2004. "Com esses R$ 28 milhões paguei a Rede Globo, a "Veja", a "IstoÉ" e gráficas. Se houvesse
superfaturamento, esses veículos
teriam que estar mancomunados
comigo, porque teriam que ter me
dado notas", disse ele.
Ao tentar desqualificar as acusações de sua ex-secretária Fernanda Karina Somaggio, que afirma ter visto malas de dinheiro
saindo de suas empresas, Valério
mirou na imprensa mais uma vez.
O empresário sugeriu que ela teria recebido dinheiro de um repórter da revista "IstoÉ Dinheiro"
para conceder uma entrevista revelando fatos contra ele.
Valério disse que, após demitir
Fernanda Karina, vinha sendo
ameaçado por ela. "A declaração
dela à minha secretária Adriana
[Fantine] é de que estava recebendo dinheiro do repórter Leonardo
Attuch [da "IstoÉ Dinheiro']."
A Editora Três, que publica "IstoÉ Dinheiro" negou ter oferecido
dinheiro à ex-secretária.
O publicitário relatou ainda um
encontro com Domingo Alzugaray, diretor-presidente da Editora
Três, no qual teria sido informado
da não publicação da entrevista
com a ex-secretária -essa entrevista foi publicada após as denúncias de Roberto Jefferson sobre o
suposto "mensalão".
O publicitário responsabilizou a
revista "Veja" por conta da primeira justificativa que teria sido
apresentada por ele para os altos
saques em dinheiro. À revista,
Marcos Valério havia dito que as
retiradas em espécie eram para a
compra de gado. Depois, para pagamento de fornecedores.
Segundo Valério, a pessoa que o
entrevistou pela revista se identificou como Edward e era de uma
cidade chamada Brasília de Minas. "Na conversa, disse: "Eu sou
de Belo Horizonte e vou lá na sua
cidade comprar gado de alguém
que nunca me viu. Você vai aceitar um cheque meu?'". E teria dito: "Não. Vai pagar em dinheiro".
Valério disse que parte dos saques em dinheiro foram feitos para pagar cachês de artistas no exterior e deu a entender que havia
comparado a situação com a
compra de gado.
O redator-chefe da "Veja" Mario Sabino afirmou ontem que
Valério "recebeu para uma entrevista os repórteres José Edward e
Marcelo Carneiro" e que "todas as
respostas publicadas reproduzem
fielmente o que ele disse".
O diretor-presidente da Editora
Três, Domingo Alzugaray, informou ontem por meio de nota não
ter existido nenhuma oferta de dinheiro por parte do jornalista
Leonardo Attuch à secretária Fernanda Karina. "Foi ela quem procurou a revista espontaneamente
para dar seu depoimento."
Alzugaray ressaltou que Marcos
Valério, durante o depoimento,
não relacionou Attuch à oferta de
dinheiro. "Ele disse apenas que
ouviu dizer, de uma de suas secretárias, que Karina teria dito que
um jornalista, sem precisar o nome nem o veículo para o qual trabalha, a teria feito uma oferta."
Segundo Alzugaray, Marcos
Valério esteve na Editora Três em
setembro de 2004, acompanhado
do assessor Gilberto Mansur. À
época, o publicitário mineiro era
acusado por Fernanda Karina e,
por isso, soube do teor da primeira entrevista que ela havia concedido à "IstoÉ" para que pudesse
se defender.
A entrevista, no entanto, não foi
publicada por uma decisão editorial, disse Alzugaray, já que a ex-secretária não tinha provas.
Attuch negou ter proposto dinheiro à ex-secretária. "No meu
caso, é evidente que não houve
nenhum tipo de pagamento."
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