São Paulo, terça-feira, 07 de julho de 2009

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OPERAÇÃO SATIAGRAHA / A DENÚNCIA

Investigação da PF é uma fraude, diz defesa

Advogado de Dantas diz que denúncia foi apresentada para justificar operação ilegal; outros denunciados também negam acusações

Defensor do Opportunity afirma ainda que acusação de gestão fraudulenta é absurda e que governo persegue o banqueiro

DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo Opportunity e os denunciados pelos supostos crimes financeiros investigados na Operação Satiagraha negaram, por meio de seus advogados, as acusações feitas pelo Ministério Público Federal. "Vamos poder nos manifestar de maneira mais detalhada sobre a denúncia depois que tivermos acesso a ela", disse ontem Andrei Zenkner Schmidt, defensor do Opportunity, de Daniel Dantas e de executivos denunciados. O advogado divulgou duas notas sobre as acusações. Na primeira, atacou a investigação da PF: "A Operação Satiagraha é uma fraude. A denúncia foi apresentada para justificar a operação, as buscas e apreensões e as prisões ilegais". O texto diz que o Opportunity e Opportunity Fund não cometeram crimes financeiros e atos de gestão fraudulenta na Brasil Telecom. "Além de absurda, é juridicamente inviável a acusação de gestão fraudulenta de instituição financeira, na medida em que essa prática, segundo a denúncia, estaria atrelada à Brasil Telecom, que não é, evidentemente, uma instituição financeira." Quanto à acusação de vínculo entre o Opportunity e o mensalão, o advogado afirmou que "fere o senso comum que o governo negue a existência do mensalão e ao mesmo tempo, como ocorreu na CPI, acuse Daniel Dantas de estar envolvido com o esquema. O governo persegue Dantas e, conjuntamente, acusa-o de financiá-lo". Em outra nota, específica sobre as supostas ligações com o mensalão, o advogado afirmou que a acusação faz parte de uma estratégia: "exumar o mensalão para, com isso, manter viva a Operação Satiagraha e proteger os seus executores". Em seguida, Schmidt subiu o tom dos ataques: "O interesse do governo federal, através dos fundos de pensão, era usurpar os direitos do Opportunity em relação à Brasil Telecom. É conhecida, em nível nacional, a intensa disputa societária travada para tanto. Não faz sentido, assim, que o Opportunity lutasse contra interesses governamentais e, ao mesmo tempo, fosse acusado de financiá-los através do esquema". Antônio Sérgio de Moraes Pitombo, defensor dos executivos Dório Ferman e Itamar Benigno Filho, afirmou que não teve acesso à integra da denúncia, mas disse que a acusação entregue à Justiça " é simplesmente um carimbo na ilegalidade do inquérito policial". "É um inquérito que começou com crimes praticados por aqueles que investigavam, recebeu um continuísmo na atividade da polícia, e o Ministério Público Federal, agora, a galope, passa à denúncia".

"Delírio acusatório"
A defesa de Humberto Braz, realizada por Renato de Moraes, nega que Braz ou a empresa que ele integra, a Igbraz, tenham cometido crimes. "Não há nada que possa vincular a empresa a atividades ilícitas. É um delírio acusatório", disse. O advogado do executivo Rodrigo Bhering Andrade, Alberto Zacharias Toron, disse que só se pronunciará após conhecer o teor da acusação formal. O advogado Marcelo Leonardo, que defende Marcos Valério, afirmou que "os contratos entre a Brasil Telecom e as agências de propaganda SMP&B e DNA já foram objeto de investigação desde a CPI dos Correios, quando ficou evidente que essas agências eram contratadas pelas empresas Telemig Celular e Amazônia Celular, que à época pertenciam ao grupo Brasil Telecom". Segundo o advogado, "as empresas eram efetivamente contratadas, pagas, receberam recursos e prestaram serviços". Sylas Ribeiro, defensor de Guilherme Martins, disse que só se pronunciaria após a Justiça decidir sobre o recebimento da denúncia. Os advogados de Carla Cicco e William Yu não foram localizados. Em 2005, Cicco afirmou à CPI dos Correios que a Brasil Telecom pagou às empresas de Valério por serviços realizados.

Leia a íntegra das notas do Opportunity

www.folha.com.br/091874


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