São Paulo, terça-feira, 07 de julho de 2009

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OPERAÇÃO SATIAGRAHA / A DENÚNCIA

Procurador pede investigação da nova tele

Inquérito deve apurar crime financeiro e de lavagem na criação da BrOi, feita com apoio do governo Lula

DA REPORTAGEM LOCAL

O procurador da República em São Paulo Rodrigo de Grandis requisitou a abertura de mais três inquéritos na Polícia Federal para apurar atividades do banqueiro Daniel Dantas e de pessoas relacionadas ao grupo Opportunity, dentre as quais o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
A primeira investigação trataria da compra da Brasil Telecom pela Telemar, que gerou a supertele BrOi, a maior empresa telefônica do país. A compra, estimada em R$ 4,8 bilhões, só foi possível após um decreto baixado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva criar as condições legais para o negócio.
Dois bancos estatais, o BNDES e o Banco do Brasil, financiam o negócio.
O objetivo do inquérito, segundo a requisição feita pelo procurador, é apurar "eventual perpetração de crime financeiro e/ou de "lavagem" de recursos ilícitos por ocasião da aquisição da empresa Invitel (controladora da Solparte, que por sua vez é a controladora da Brasil Telecom Participações) pela Oi (Telemar)".
A base da investigação são as conversas telefônicas interceptadas ao longo da Operação Satiagraha. Nela, advogados e integrantes do Opportunity discutem estratégias para o negócio, incluindo a aproximação com ministros de Estado e políticos influentes no governo.
Uma segunda frente tratará de supostos crimes contra o sistema financeiro e operações de lavagem de dinheiro, principalmente atividades da Agropecuária Santa Bárbara Xinguara e seu responsável, Carlos Rodemburg, braço direito de Dantas, de quem foi cunhado. Há suspeita de que o gado da agropecuária seja fachada para lavagem de recursos.
A terceira investigação tratará de possível evasão de divisas na composição e alimentação do Opportunity Fund, um fundo de investimentos criado por Daniel Dantas em 1992, com sede nas Ilhas Cayman, que adquiriu diversos ativos da União privatizados durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, como a Brasil Telecom. Os alvos, nesse caso, serão "os cotistas e os representantes dos cotistas no fundo".
O papel de Dantas já foi objeto da denúncia oferecida pelo procurador De Grandis. Segundo ele, o banqueiro "proporcionara, entre o ano de 1998 e pelo menos até o ano de 2004, que diversos cotistas (cidadãos brasileiros) mantivessem depósitos não declarados à Delegacia da Receita Federal e ao Banco Central do Brasil".
O procurador citou, na denúncia, que doleiros corroboraram a tese de que o fundo foi alimentado pelas operações "dólar-cabo". Trata-se de um sistema de remessa ao exterior que oculta verdadeiro dono do dinheiro. A transação é feita em nome de um doleiro, fora dos controles do Banco Central. São citados os doleiros Richard Otterloo, Clark Setton, Luis Filipe Malhão e Sousa e Patrícia Matalon Peres. (RV, FV E AF).


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