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OPERAÇÃO SATIAGRAHA / A DENÚNCIA
Procurador pede investigação da nova tele
Inquérito deve apurar crime financeiro e de lavagem na criação da BrOi, feita com apoio do governo Lula
DA REPORTAGEM LOCAL
O procurador da República
em São Paulo Rodrigo de Grandis requisitou a abertura de
mais três inquéritos na Polícia
Federal para apurar atividades
do banqueiro Daniel Dantas e
de pessoas relacionadas ao grupo Opportunity, dentre as
quais o ex-deputado Luiz
Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
A primeira investigação trataria da compra da Brasil Telecom pela Telemar, que gerou a
supertele BrOi, a maior empresa telefônica do país. A compra,
estimada em R$ 4,8 bilhões, só
foi possível após um decreto
baixado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva criar as
condições legais para o negócio.
Dois bancos estatais, o
BNDES e o Banco do Brasil, financiam o negócio.
O objetivo do inquérito, segundo a requisição feita pelo
procurador, é apurar "eventual
perpetração de crime financeiro e/ou de "lavagem" de recursos ilícitos por ocasião da aquisição da empresa Invitel (controladora da Solparte, que por
sua vez é a controladora da Brasil Telecom Participações) pela
Oi (Telemar)".
A base da investigação são as
conversas telefônicas interceptadas ao longo da Operação Satiagraha. Nela, advogados e integrantes do Opportunity discutem estratégias para o negócio, incluindo a aproximação
com ministros de Estado e políticos influentes no governo.
Uma segunda frente tratará
de supostos crimes contra o sistema financeiro e operações de
lavagem de dinheiro, principalmente atividades da Agropecuária Santa Bárbara Xinguara
e seu responsável, Carlos Rodemburg, braço direito de Dantas, de quem foi cunhado. Há
suspeita de que o gado da agropecuária seja fachada para lavagem de recursos.
A terceira investigação tratará de possível evasão de divisas
na composição e alimentação
do Opportunity Fund, um fundo de investimentos criado por
Daniel Dantas em 1992, com
sede nas Ilhas Cayman, que adquiriu diversos ativos da União
privatizados durante o governo
de Fernando Henrique Cardoso, como a Brasil Telecom. Os
alvos, nesse caso, serão "os cotistas e os representantes dos
cotistas no fundo".
O papel de Dantas já foi objeto da denúncia oferecida pelo
procurador De Grandis. Segundo ele, o banqueiro "proporcionara, entre o ano de 1998 e pelo
menos até o ano de 2004, que
diversos cotistas (cidadãos brasileiros) mantivessem depósitos não declarados à Delegacia
da Receita Federal e ao Banco
Central do Brasil".
O procurador citou, na denúncia, que doleiros corroboraram a tese de que o fundo foi
alimentado pelas operações
"dólar-cabo". Trata-se de um
sistema de remessa ao exterior
que oculta verdadeiro dono do
dinheiro. A transação é feita em
nome de um doleiro, fora dos
controles do Banco Central.
São citados os doleiros Richard
Otterloo, Clark Setton, Luis Filipe Malhão e Sousa e Patrícia
Matalon Peres.
(RV, FV E AF).
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