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Editora Três é acusada de desvio
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O deputado estadual Mário Frota (PDT-AM), acusado de intermediar cobrança de propina em
nome do senador Jader Barbalho
(PMDB-PA), ingressa hoje com
representação no Ministério Público Federal contra empresa Editora Três da Amazônia S/A, que
edita a revista "IstoÉ".
Frota afirma que a empresa desviou R$ 2,9 milhões da antiga Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). A
editora nega o desvio, apontado
em relatório feito por fiscais da
extinta autarquia no ano passado.
O deputado decidiu formalizar
a denúncia contra a empresa devido à reportagem da "IstoÉ", em
que Nivaldo Marinho, ex-assessor
de Frota, apresenta uma fita com
um telefonema gravado no qual o
deputado exigiria, em nome de
Jader, US$ 5 milhões para autorizar financiamento do empresário
David Benayon em 1998.
Ontem, em depoimento à Polícia Federal, o deputado disse que
a fita é uma fraude porque o assessor imitou sua voz. Na semana
passada, Marinho confirmou o
que disse à revista na PF.
Com cópias de três relatórios da
Sudam, Frota diz, na representação, que a Editora Três teve aprovado, em maio de 1995, um projeto na ordem de R$ 24.539.718,91
para fabricar fitas de áudio e vídeo, em Manaus. No negócio, a
Sudam financiaria R$ 12.270.000.
De 95 a 97, o Finam (Fundo Investimento da Amazônia) liberou
à Editora Três R$ 3.461.000, mas a
empresa emprestou R$
2.978.329,06 aos seus acionistas:
Grupo de Comunicação Três
Ltda., Texaco do Brasil S/A Produção de Petróleo e Sérgio Cremaschi Sampaio.
"A Editora Três não fabricou
uma fita em Manaus. Eles não
aplicaram o dinheiro da Sudam
em nada e não se sabe onde está a
fábrica. Mas a bolada de dinheiro
eles receberam. Foram para os sócios", afirmou Frota. A secretaria
especial que substituiu a Sudam
não comentou o caso ontem.
No relatório, realizado em janeiro de 2000, os fiscais da Sudam
Mário Jorge Vasconcelos Conceição e Charles Michel Salame
apontam distorções no projeto da
Editora Três, o que levou a superintendência a enquadrar o projeto como irregular.
Segundo os fiscais, a empresa
nunca produziu fitas de áudio e
de vídeo ou fabricou produtos
gráficos -os objetivos iniciais do
projeto. Na última fiscalização,
realizada em junho de 2000, os fiscais apontam outra irregularidade: a empresa, antes de concluir as
obras de terraplanagem de um
terreno onde seria a sede da empresa, adiantou R$ 330 mil à Ralc
Construtora Ltda, ligada ao ex-senador Gilberto Miranda.
Na conclusão do relatório, a Sudam deu prazo de três meses para
que a Editora Três integralizasse o
dinheiro desviado.
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