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FUNCIONALISMO
Eventual aumento deve constar do projeto de Orçamento de 2002, a ser enviado ao Congresso até o fim do mês
Pressionado, governo estuda reajuste
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado por uma decisão
do STF (Supremo Tribunal Federal) e pela ameaça de greve geral
dos servidores, no próximo dia
22, o Palácio do Planalto determinou à equipe econômica a realização de estudos para a concessão
de reajuste ao funcionalismo público federal em 2002.
O eventual aumento constará
do projeto de Orçamento Geral da
União de 2002, a ser enviado ao
Congresso até o final do mês.
A proposta da equipe econômica será a manutenção do valor de
compra dos salários, ou seja, a reposição da inflação, como será
feito com o salário mínimo.
A previsão de inflação para este
ano é de cerca de 6%. Se o Congresso entender que o percentual
deverá ser maior, terá que apontar as fontes.
Segundo o líder do governo na
Câmara, Arnaldo Madeira
(PSDB-SP), o ideal é que o governo proponha o índice de aumento
a fim de evitar que o Congresso
aprove um percentual incompatível com a arrecadação.
"Falar em aumento de 70% é
brincadeira. Estão querendo que
a gente vá para o caminho da Argentina", disse Madeira, referindo-se ao índice de reajuste reivindicado pelos servidores (75,48%).
À exceção de carreiras específicas,
os servidores estão sem reajuste
há sete anos.
Ontem, o governo decidiu não
recorrer do acórdão (decisão) do
STF que obriga a Presidência a
enviar projeto de lei ao Congresso
concedendo reajuste ao funcionalismo público federal. O prazo para recurso terminou ontem.
Na última sexta-feira, o advogado-geral da União, Gilmar Mendes, levantou a possibilidade de
entrar no STF com um embargo
de declaração. Esse tipo de recurso, que funciona como um pedido
de esclarecimento, serviria apenas para adiar a concessão do reajuste, com o inconveniente de que
o STF poderia limitar ainda mais
o campo de ação do governo, fixando data para o reajuste ou sua
retroatividade, por exemplo.
A decisão do Supremo foi tomada em ação direta de inconstitucionalidade que aponta omissão
do governo por não cumprir dispositivo da emenda constitucional da reforma administrativa, de
98, que determina o reajuste
anual do funcionalismo.
Encerrado o prazo de recurso,
considera-se que a ação transitou
em julgado, não restando ao governo senão a opção de cumprir a
decisão. O acórdão, entretanto,
não fixa datas nem índices.
O porta-voz da Presidência,
Georges Lamazière, não quis comentar o assunto ontem. Pergunta sobre o reajuste foi encaminhada por escrito no início da tarde,
mas ele mandou avisar horas depois que não daria entrevista.
Marco Aurélio
Na Câmara, Madeira criticou o
presidente do STF, Marco Aurélio
de Mello, que disse na semana
passada que o governo tem de dar
aumento para os servidores. "O
presidente do STF até parece líder
de partido político", afirmou.
Já o presidente do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), Paulo Costa
Leite, endossou as declarações de
Marco Aurélio a favor do aumento e disse que essa deve ser uma
prioridade do governo no Orçamento de 2002.
Para Costa Leite, o governo só
estaria desobrigado de cumprir a
decisão se estivesse "materialmente" impedido de conceder o
aumento, o que não seria o caso.
Paralelamente, o Sindsep (Sindicato dos Servidores Públicos
Federais) organiza uma série de
reuniões com servidores de órgãos federais a fim de mobilizar o
funcionalismo para a greve geral
marcada para o dia 22 de agosto.
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