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São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

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SP

Delegado é acusado de ser ex-torturador

Alckmin muda Calandra para função burocrática

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem maior divulgação, o governo do Estado de São Paulo transferiu, do Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol) para uma área burocrática da Secretaria da Segurança Pública, o delegado Aparecido Laertes Calandra, conhecido pelo codinome de "Capitão Ubirajara", acusado da prática de tortura nos extintos órgãos de repressão em São Paulo, durante o regime militar.
No dia 30 de julho, o "Diário Oficial" publicou ato do secretário da Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, transferindo Calandra para o Departamento de Administração do Pessoal (DAP).
Em abril último, o governador Geraldo Alckmin foi alvo de duras críticas de entidades de direitos humanos pela manutenção de Calandra numa divisão de inteligência da polícia civil paulista.
A assessoria de imprensa da SSP negou, ontem, que o governo estadual tenha procurado deixar o assunto "esfriar" para decidir a transferência do delegado.
Em abril, Alckmin recorreu à Lei da Anistia, de 1979, para justificar o fato de que Calandra chefiava uma das áreas estratégicas do esquema de informações da SSP. Uma de suas atribuições seria cuidar de escutas telefônicas.
"A anistia vale para os dois lados", argumentou, na ocasião, o governador. "Uma coisa é não puni-lo, outra coisa é premiá-lo, dando um cargo de tanta responsabilidade como dirigir o departamento de inteligência da polícia , comentou, então, o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, reforçando as críticas de parlamentares e órgãos de direitos humanos.


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