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Lula diz que Marinho "prestou serviços à educação e à comunicação" brasileiras; Câmara interrompe sessão em homenagem
Presidente decreta luto oficial de três dias
DA REPORTAGEM LOCAL
E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva decretou ontem três dias de
luto oficial em razão da morte do
empresário Roberto Marinho.
Em nota divulgada pelo Palácio
do Planalto na final da noite, o
presidente elogiou Marinho. "O
Brasil perde um homem que passou a vida acreditando no Brasil.
Como dizia nosso amigo Carlito
Maia [publicitário morto em
2002], tem gente que vem ao
mundo a passeio. Tem gente que
vem ao mundo a serviço. Roberto
Marinho foi um homem que veio
ao mundo a serviço -quase um
século de vida de serviços prestados à comunicação, à educação e
ao futuro do Brasil", declarou.
Lula já havia decretado luto oficial de três dias em 30 de abril,
quando morreu o vice-presidente
Aureliano Chaves.
A relação do petista com o empresário foi conflituosa no passado. Em discurso em 1987, por
exemplo, Lula criticou Marinho.
"Nós somos um país onde a história é contada pela Rede Globo de
televisão, porque o senhor Roberto Marinho não faz outra coisa a
não ser mentir para o povo."
Cinco anos depois, Lula foi a
Rede Globo reunir-se com o empresário para discutir uma proposta de entendimento nacional
durante o processo de impeachment do então presidente Fernando Collor. "Eu converso com
todo mundo", justificou.
Na campanha eleitoral do ano
passado, Lula participou de um
almoço na Rede Globo e elogiou a
cobertura jornalística da emissora. Como presidente eleito, concedeu ao "Jornal Nacional" e ao
"Fantástico", ambos programas
da Globo, suas duas primeiras entrevistas exclusivas.
O ministro José Dirceu (Casa
Civil) chamou ontem Marinho de
"um empreendedor" que deixou
sua "marca" na história da comunicação brasileira.
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, declarou que o empresário foi "fundamental" para a
construção da democracia brasileira. "Roberto Marinho provou
para o país que uma grande nação
não se constrói apenas com obras
físicas. Ele se tornou responsável
pela construção da maior obra de
difusão cultura do Brasil. O país
deve muito a ele", disse Palocci.
O ministro da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão
Estratégica, Luiz Gushiken, também comentou a morte do empresário: "Apesar de alguns aspectos polêmicos na vida do senhor Roberto Marinho, é inegável
que a Globo teve e tem papel de
destaque, como nenhum outro
instrumento de comunicação no
Brasil, na formação da cultura
brasileira e na própria consolidação da unidade nacional".
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que Marinho era "fiel aos seus princípios".
"Foi um homem de trabalho, que
começou cedo, que ergueu um
grupo de comunicação que é referência em todo o mundo. Fica esse exemplo de fé, que apostou no
Brasil, um homem de trabalho."
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse que Marinho "soube consolidar a comunicação brasileira seguindo princípios democráticos e defendendo a
verdade com coerência".
A governadora do Rio, Rosinha
Matheus (PSB), disse que o país
perdeu "um de seus filhos mais
ilustres". "Sempre foi um homem
determinado e defendeu como
ninguém as suas idéias. As Organizações Globo, com reconhecimento internacional, são orgulho
para todo o país e exemplo de
qualidade e competência. Ele nos
deixa a lição de um empreendedor vitorioso".
Congresso
O presidente da Câmara dos
Deputados, João Paulo Cunha
(PT-SP), interrompeu a sessão de
votação da reforma da Previdência e pediu um minuto de silêncio
ao plenário em homenagem a
Marinho. "Em nome dos deputados, transmito uma saudação à
família lembrando os bons préstimos que as Organizações Globo
deram ao Brasil", afirmou.
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