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São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

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Lula diz que Marinho "prestou serviços à educação e à comunicação" brasileiras; Câmara interrompe sessão em homenagem

Presidente decreta luto oficial de três dias

DA REPORTAGEM LOCAL
E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou ontem três dias de luto oficial em razão da morte do empresário Roberto Marinho.
Em nota divulgada pelo Palácio do Planalto na final da noite, o presidente elogiou Marinho. "O Brasil perde um homem que passou a vida acreditando no Brasil. Como dizia nosso amigo Carlito Maia [publicitário morto em 2002], tem gente que vem ao mundo a passeio. Tem gente que vem ao mundo a serviço. Roberto Marinho foi um homem que veio ao mundo a serviço -quase um século de vida de serviços prestados à comunicação, à educação e ao futuro do Brasil", declarou.
Lula já havia decretado luto oficial de três dias em 30 de abril, quando morreu o vice-presidente Aureliano Chaves.
A relação do petista com o empresário foi conflituosa no passado. Em discurso em 1987, por exemplo, Lula criticou Marinho. "Nós somos um país onde a história é contada pela Rede Globo de televisão, porque o senhor Roberto Marinho não faz outra coisa a não ser mentir para o povo."
Cinco anos depois, Lula foi a Rede Globo reunir-se com o empresário para discutir uma proposta de entendimento nacional durante o processo de impeachment do então presidente Fernando Collor. "Eu converso com todo mundo", justificou.
Na campanha eleitoral do ano passado, Lula participou de um almoço na Rede Globo e elogiou a cobertura jornalística da emissora. Como presidente eleito, concedeu ao "Jornal Nacional" e ao "Fantástico", ambos programas da Globo, suas duas primeiras entrevistas exclusivas.
O ministro José Dirceu (Casa Civil) chamou ontem Marinho de "um empreendedor" que deixou sua "marca" na história da comunicação brasileira.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, declarou que o empresário foi "fundamental" para a construção da democracia brasileira. "Roberto Marinho provou para o país que uma grande nação não se constrói apenas com obras físicas. Ele se tornou responsável pela construção da maior obra de difusão cultura do Brasil. O país deve muito a ele", disse Palocci.
O ministro da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, também comentou a morte do empresário: "Apesar de alguns aspectos polêmicos na vida do senhor Roberto Marinho, é inegável que a Globo teve e tem papel de destaque, como nenhum outro instrumento de comunicação no Brasil, na formação da cultura brasileira e na própria consolidação da unidade nacional".
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que Marinho era "fiel aos seus princípios". "Foi um homem de trabalho, que começou cedo, que ergueu um grupo de comunicação que é referência em todo o mundo. Fica esse exemplo de fé, que apostou no Brasil, um homem de trabalho."
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse que Marinho "soube consolidar a comunicação brasileira seguindo princípios democráticos e defendendo a verdade com coerência".
A governadora do Rio, Rosinha Matheus (PSB), disse que o país perdeu "um de seus filhos mais ilustres". "Sempre foi um homem determinado e defendeu como ninguém as suas idéias. As Organizações Globo, com reconhecimento internacional, são orgulho para todo o país e exemplo de qualidade e competência. Ele nos deixa a lição de um empreendedor vitorioso".

Congresso
O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), interrompeu a sessão de votação da reforma da Previdência e pediu um minuto de silêncio ao plenário em homenagem a Marinho. "Em nome dos deputados, transmito uma saudação à família lembrando os bons préstimos que as Organizações Globo deram ao Brasil", afirmou.


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