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Presidente do PL diz que PT o botou na "maior fria"
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MOGI DAS CRUZES
Em seu primeiro pronunciamento público após renunciar ao
mandato de deputado federal, o
presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou ontem que entrou "na maior fria" de sua vida
ao aceitar dinheiro de caixa dois
do PT para custear a campanha
do partido em 2002.
A declaração foi feita por Costa
Neto a um grupo de 355 correligionários e apoiadores durante
um almoço realizado ontem em
uma churrascaria de Mogi das
Cruzes (Grande São Paulo), principal reduto eleitoral do ex-deputado. Entre os presentes, estiveram os deputados federais Edmar
Moreira (PL-MG), Milton Monte,
Amauri Gasques, Edinho Montemor (PL-SP) e Luiz Antonio de
Medeiros (PL-SP).
"Tive que renunciar porque cometi um erro. Entrei na maior fria
da minha vida. Nunca pensei que
o PT pudesse fazer isso", disse o
ex-deputado, se referindo ao
acordo feito com os petistas para
as eleições de 2002, que segundo
ele, previu repasse de recursos para custeio da campanha de candidatos do PL, principal partido
aliado do PT e do governo federal.
Costa Neto renunciou ao mandato, o quarto de sua carreira política, na última segunda, depois
de admitir que recebeu dinheiro
de uma das contas do publicitário
Marcos Valério.
Aos correligionários, o presidente do PL voltou a negar a existência do pagamento de mesada a
deputados da base aliada, esquema denunciado pelo deputado
Roberto Jefferson (PTB-RJ).
"Ele (Jefferson) inventou essa
história de mensalão, que não
existe", afirmou Costa Neto. "Por
que você vai dar mesada para um
partido que tem o Ministério dos
Transportes, que tem o vice-presidente?", disse ele, que chamou
Jefferson de "chantagista" e "delinqüente."
Costa Neto disse que decidiu renunciar porque quer se defender
das acusações sem contar com a
imunidade parlamentar.
"Eu poderia deixar para renunciar daqui a três ou quatro meses,
como orientou o meu advogado,
para eu fazer os depoimentos
com imunidade, como está fazendo o Roberto Jefferson", disse.
"Mas eu preferi assumir o meu erro e daí me defender, provar que
não cometi nenhum crime, mas
um erro, e que não tinha verba
pública no meio."
Em rápida conversa com a imprensa, Costa Neto negou que estivesse decepcionado com o PT
ou com o presidente Lula. Mas
afirmou que foram os petistas os
responsáveis pela sua renúncia.
"Eles me puseram nessa fria.
Eles fizeram tudo errado. Eu fiz
aliança com eles e só poderia ter
dado nisso."
O ex-deputado disse também
que vai apresentar uma prestação
de contas da verba de caixa dois
em seu depoimento à CPI e à PF.
Ele afirmou que o valor repassado
pelo PT é inferior ao divulgado
pela imprensa. De acordo com
documentos em posse da CPI dos
Correios, Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL, teria sacado das
contas de Marcos Valério pelo
menos R$ 1,65 milhões. Já uma
lista apresentada por Marcos Valério ao procurador geral da República, aponta Costa Neto como
beneficiário de R$ 10,8 milhões.
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